Vocação e Espiritualidade de Santa Clara

Vocação e Espiritualidade de Santa Clara

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VOCAÇÃO DE SANTA CLARA DE ASSIS

Considerando as poucas notícias que foram transmitidas sobre a vida de Clara desde a casa paterna, percebe-se que existe nela uma inquietude e busca que se  manifestam em práticas que chegam a contrariar as normas familiares.

Clara era de uma família nobre e rica. O pai era militar e a família era de cavaleiros do lado paterno e materno. A casa era abastada e as riquezas copiosas (LegC1). Era uma família exemplar, dentro da concepção cristã da época. A mãe, Hortolana, dedicava-se intensamente a obras de piedade e caridade. Uma testemunha diz que Hortolana tinha gosto em visitar os pobres (ProcC 1,4). Clara acompanhava a mãe e estende a mão com prazer para os pobres (LegC 3). Além das ajudas da família, Clara fazia suas ofertas secretas. Sentia necessidade de partilhar algo seu, que significasse uma real partilha, e não apenas uma parcela da riqueza familiar, que nada alterava seu estilo e padrão de vida.

Aos 18 anos, Clara tinha elaborado um modo de vida de acordo com a espiritualidade leiga penitencial que florescia em sua época. Um dos aspectos significativos dos movimentos religiosos do século XI e XII foi a participação das mulheres. Mulheres das classes sociais mais elevadas e outras dos meios populares deixavam tudo para seguir Jesus Cristo pobre, conforme a nova concepção de vida apostólica que estava surgindo. Clara além de pertencer à classe pobre era bonita, elegante e de vida cristã exemplar, que a todos edificava (ProcC 1,3). O pai fazia questão de apresentá-la com a intenção de buscar um pretendente... dentro da classe a qual pertencia. Clara pelo contrário preferia se ocultar.

Conseguiu frequentes Encontros com Francisco. Tomás de Celano diz que era o próprio Francisco quem moderava a frequência dos encontros, para evitar boatos (LegC 6). Ela não tinha receio dos boatos do povo, o que a preocupava era a interferência da família, que tinha planos a seu respeito.

As preocupações de Francisco provocaram grande efervescência vocacional. Sua vida e seus ensinamentos tocavam profundamente homens e mulheres, solteiros, casados, virgens e viúvas... vinham a ele e perguntava o que poderiam fazer. Muitos queriam participar do grande movimento penitencial. É neste ambiente de despertar vocacional que S. Boaventura coloca Clara (LegM 4,6).

Os comentários sobre as "loucuras" de Francisco em encheram a cidade... Clara sentiu-se atraída, fascinada por aquelas loucuras e passou a encontrar-se com Francisco às escondidas.

Clara obrigou-se a optar pela estratégia da fulga para poder realizar seu sonho. Na noite de Domingo de Ramos do ano de 1212, Clara vai ao encontro de Francisco e dos confrades na pequena Igreja de Santa Maria dos Anjos, onde os primeiros Frades menores haviam fixados sua morada...

No Testamento, ao relembrar sua conversão, Claro destaca três aspectos: a iniciativa de Deus, a mediação de Francisco, e o seguimento de Jesus Cristo como caminho: entre outros benefícios que temos recebido da generosidade do pai de toda misericórdia e pelos quais temos que agradecer ao glorioso pai de Cristo, está a nossa vocação que, quanto maior e mais perfeita, mais a Ele é devida (TestC 2s).

Clara considera toda a existência humana como uma resposta a vocação: Dom constante de Deus que nos chamou a vida e somos chamadas/os a responder diariamente. O seu testamento é hino ao pai de toda misericórdia, que lhe deu o dom da vocação.

Em suas Cartas a Inês de Praga e Ermentrudes, ela faz a pelos constantes, para que sejam fiéis ao Chamado de Deus. As cartas são esclarecimentos e estímulos para que a vocação recebida seja correspondida.

ESPIRITUALIDADE DE SANTA CLARA

O centro da experiência Cristã de Clara de Assis é o seguimento de Jesus Cristo pobre crucificado. Em sua compreensão ela nos diz: o filho de Deus que se fez caminho ao assumir a condição humana na forma de Servo, para trazer ao mundo a graça e a misericórdia de Deus.

Clara não se preocupa em descrever seu caminho de contemplação de maneira sistematizada, com finalidade pedagógica. Ela simplesmente vive e compartilha suas experiências com suas irmãs. Através das experiências se descobre em Clara uma grande mestra espiritual que abriu caminhos e teve muitas seguidoras.

Clara tornou explicita sua experiência contemplativa através de um tema comum na idade média: o tema do "espelho". Na literatura da época H. Grabes enumera mais de 250 obras medievais que trazem no título a palavra espelho.

Nos escritos de Clara o termo "espelho" ocorre 12 vezes. Com isso se conclui que o tema do espelho tem um aspecto fundamental em sua espiritualidade.

Vamos nos deter a 3ª e 4ª cartas de Clara dirigidas a Inês de Praga, sua grande amiga. Cartas belíssimas que nos permitem conhecer a profundidade da espiritualidade de Clara.

3Cln12-13. Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque a alma no esplendor da glória. Ponha o coração na figura da substancia divina e transforme-se inteira, pela contemplação, na imagem da divindade.

4Cln 9-25. Feliz Decerto é você, que pode participar desse banquete sagrado para unir-se com todas as fibras do coração aquele cuja beleza todos os bem-aventurados dos céus admiram sem cessar, cuja a feição apaixona, cuja contemplação restaura, cuja bondade nos sacia, cuja suavidade preenche, cuja a lembrança ilumina suavemente, cuja perfume dará vida aos mortos, cuja visão gloriosa tornará felizes todos os cidadãos da Celeste Jerusalém, pois é o esplendor da Glória Eterna, o brilho da Luz Perpétua e o espelho sem mancha.

Olhe dentro desse espelho todos os dias,  ó Rainha, esposa de Cristo, e espelhe nele, sem cessar, o seu rosto, para enfeitar-se toda, interior e exteriormente, vestida e cingida de variedade, ornada também com as flores e roupas das virtudes todas, ó filha e esposa caríssima do Sumo Rei. Pois nesse espelho resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e inefável caridade, como, nele inteiro você vai poder contemplar com a graça de Deus.

1- Preste atenção, no princípio, a pobreza desse espelho posto no presépio e envolto em panos. Admirável humildade, estupenda pobreza! O rei dos Anjos repousa numa manjedoura.

2- No meio do espelho considere a humildade, a bem-aventurada pobreza, as fadigas sem conta e as penas que suportou pela Redenção do gênero humano.

3- E no fim desse mesmo espelho, contemple a caridade inefável com que quis padecer no lenho da Cruz e nela morrer a morte mais vergonhosa.



TestC 19-22. Pois o próprio senhor colocou-nos não só como modelo, exemplo e espelho para os outros, mas também para nossas irmãs, que ele vai chamar a nossa vocação, para que também elas sejam espelho e exemplo para os que vivem no mundo. Portanto, se o Senhor nos chamou a coisas tão elevadas que em nós possam espelhar-se as que deverão ser exemplo e espelho para os outros, estamos bem e obrigadas a bendizer e louvar a Deus, dando forças ainda maior umas às outras para trazer o bem no Senhor.


"Me mostra teu espelho Clara irmã
Preciso dessa imagem Cristalina
Me ensina a cultivar hoje e amanhã
Ternura passe bem em cada esquina"

O centro da espiritualidade Clariana é o seguimento de Jesus Cristo pobre, humilde e crucificado.

Agradecemos a Irmã Aroni e demais irmãs da sua fraternidade pela rica partilha sobre a vocação e espiritualidade de Santa Clara no nosso encontro de formação (EFI) neste ultimo domingo (02/09/2018).


Paz e bem!!

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