Campanha da Fraternidade 2018 e a juventude: qual a relação?


Paz e Bem, galera!

Estamos começando o ano e na Igreja já estamos em clima de Campanha da Fraternidade. O tema deste ano está super pertinente, porque traz presente um elemento preocupante da nossa realidade: a violência nas suas diversas faces. E os jovens, de um modo especial, entram na pauta. Vamos conferir?

            Contexto da Campanha da Fraternidade

 A Campanha da Fraternidade (CF) surge na história da Igreja do Brasil no contexto do Concílio Vaticano II, com o objetivo de estabelecer um diálogo entre a Igreja e a sociedade. Diversos temas já foram propostos pela campanha, como a juventude, a realidade preocupante da região amazônica, o tráfico de órgãos, o sistema de saneamento básico brasileiro, etc.
 Neste ano, o tema da CF é “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema é “Em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23, 8). Mas podemos nos perguntar: que violência é essa que precisamos superar? Bem, vamos dar uma olhada nos números estatísticos da violência no Brasil e essa pergunta vai ser esclarecida.

            Olhando a realidade

 Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2015 foram mortas violentamente 58. 492 pessoas, isto quer dizer que, a cada 9 minutos, 1 pessoa foi morta violentamente no país. Isso é alarmante. Mas o mais preocupante é saber que destas mais de 58 mil pessoas mortas violentamente, 54% são jovens de 15 a 24 anos de idade. 
 Saber que mais da metade das mortes violentas no país são de jovens, cerca de 31. 585 jovens mortos pela violência, nos faz pensar na urgência de debatermos sobre esse tema nas nossas rodas de conversa, galera. Agora a questão é: como e por que esses jovens são mortos? Para a primeira pergunta – como? – os casos mais registrados são homicídios, suicídios (que também é considerada uma morte violenta), latrocínios (roubo seguido de morte), entre outros.
 Mas o por que de tanta violência? Podemos dizer que na maioria dos casos estão em jogo dívidas vindas dos tráficos de drogas e pelo próprio uso de drogas. Só pra ter ideia, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre a causa de morte de quem consome o crack, cerca de 56,5% dos usuários são assassinados. Isso mostra que mais da metade morre não tanto pelo uso da droga (que é terrível, vai definhando a pessoa), mas sim, pelas dívidas que arranjam na busca descontrolada pela substância. 
 Podemos ilustrar ainda outras formas de violência que atinge os jovens no Brasil, como os sequestros e os estupros. E por que não falar de outras formas de violência como a que priva os jovens da sua liberdade pelo trabalho escravo (que tem crescido em algumas regiões do Brasil, mas muito camuflado), ou ainda o descaso do Governo em relação à realidade educacional brasileira. Enfim, são muitas formas de violência que fazem do jovem brasileiro uma das principais vítimas e os primeiros números das estatísticas. 

            Propagando violência...

 Não raro a gente pode ver em algumas publicações pelas redes, pessoas que se dizem cristãs católicas pregando uma verdadeira idolatria da violência. São aqueles que apoiam certas tendências políticas e ideológicas (cada um julgue como preferir). São aqueles que apoiam pena de morte, apoiam tortura a bandidos, apoiam aborto, etc. Sabemos bem qual a postura da Igreja quanto a estes assuntos. Sabemos que a vida, seja ela qual for, está acima de todo e qualquer tipo de castigo humano. Sabemos que toda a vida, desde a concepção, deve ser cuidada e protegida. Contudo, ainda somos inimigos da vida e amigos da violência quando estes assuntos levantados acima entram em discussão.
 A Campanha da Fraternidade deste ano também pode ser uma luz a nos iluminar nesse sentido. Nossa linguagem, o modo como nos comunicamos uns com os outros em todos os lugares mostram de que lado nós estamos. Mostram se a gente se reconhece mesmo irmãos uns dos outros, ou se esse papo só vale da porta da igreja para dentro. Precisamos urgentemente superar a intolerância e o preconceito, duas faces camufladas de violência.

             Precisamos superar!

 Quando paramos pra analisar um pouco da nossa realidade fica fácil identificar o que precisamos superar, não é mesmo? A mídia de um modo especial vem sendo uma grande propagadora da violência. A televisão e o telejornalismo brasileiro, particularmente, têm sido transformados numa fábrica de más notícias e de sangria. Somos o tempo todo levados a acreditar que o Brasil não tem mais jeito, que está tudo perdido. Não deixem que façam a gente pensar assim! Já disse nosso amado Papa Francisco: “Não deixem que vos roubem a esperança!”. 
 Nós, cristãos, e de modo particular, católicos, somos chamados todos os dias a renovar a esperança. Se o mundo não vai bem, se a violência está se propagando assustadoramente, nós somos convidados pela Igreja neste ano de 2018 em diante, para acreditar como nunca antes que EM CRISTO SOMOS TODOS IRMÃOS! 
 Pode parecer um pouco utópico demais depois de vermos tantos dados e números preocupantes, mas nossa missão no mundo é transformá-lo. Por isso, galera, repito e não vou parar de repetir: NUNCA DEIXEM QUE DIGAM A NÓS, JOVENS, QUE NÃO PODEMOS MUDAR O MUNDO, PORQUE NÓS PODEMOS! Quem não acredita em transformação é quem não acredita no Deus-Misericórdia, no Deus-Amor, no Deus-Onipotente. Nós acreditamos, é por isso que temos de renovar sempre a esperança no amanhã.

            Pra fim de papo...

 Bem , vimos que infelizmente temos muito o que crescer quando o assunto é violência em nosso país. Mas é fundamental que a gente toque nesse assunto, divulgue esses números todos e tenha consciência de que com nossos gestos podemos, sim, transformar o mundo. Começando pelo mundo ao nosso redor, nas redes sociais, no contato pessoal, na linguagem, nas opiniões, no respeito e na tolerância, etc.
 Mas tudo isso tem de ser cultivado à luz da fé. É preciso ter sempre presente que todo e qualquer tema proposto pela Campanha da Fraternidade deve ser refletido com o auxílio da fé. Vale sempre a perguntinha chave: O que Jesus Cristo tem a nos ensinar? O que a Palavra de Deus tem a contribuir? 
 A juventude precisa se mobilizar. Precisamos falar, refletir, debater e assumirmos este tema com vigor, buscando transformar nossa realidade aos poucos. Não é preciso grandes coisas, basta um gesto de cada um e vamos, com a ajuda de Deus, caminhar em direção à superação de todas as formas de violência, fazendo de nosso mundo um lugar mais justo, fraterno e gostoso de se viver.

             São João Bosco, santo da Juventude, interceda pelos jovens brasileiros!

            Salve fraterno a todos!

Frei Renan Espíndola, OFMCap. Pelotas, RS.




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