Paz e Bem, galera!
Estamos começando o
ano e na Igreja já estamos em clima de Campanha da Fraternidade. O tema deste
ano está super pertinente, porque traz presente um elemento preocupante da
nossa realidade: a violência nas suas diversas faces. E os jovens, de um modo
especial, entram na pauta. Vamos conferir?
Contexto da Campanha da Fraternidade
A Campanha da
Fraternidade (CF) surge na história da Igreja do Brasil no contexto do Concílio
Vaticano II, com o objetivo de estabelecer um diálogo entre a Igreja e a
sociedade. Diversos temas já foram propostos pela campanha, como a juventude, a
realidade preocupante da região amazônica, o tráfico de órgãos, o sistema de
saneamento básico brasileiro, etc.
Neste ano, o tema da
CF é “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema é “Em Cristo somos todos
irmãos” (Mt 23, 8). Mas podemos nos perguntar: que violência é essa que
precisamos superar? Bem, vamos dar uma olhada nos números estatísticos da
violência no Brasil e essa pergunta vai ser esclarecida.
Olhando a realidade
Segundo dados do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2015 foram mortas
violentamente 58. 492 pessoas, isto quer dizer que, a cada 9 minutos, 1 pessoa
foi morta violentamente no país. Isso é alarmante. Mas o mais preocupante é
saber que destas mais de 58 mil pessoas mortas violentamente, 54% são jovens de
15 a 24 anos de idade.
Saber que mais da
metade das mortes violentas no país são de jovens, cerca de 31. 585 jovens
mortos pela violência, nos faz pensar na urgência de debatermos sobre esse tema
nas nossas rodas de conversa, galera. Agora a questão é: como e por que esses
jovens são mortos? Para a primeira pergunta – como? – os casos mais registrados
são homicídios, suicídios (que também é considerada uma morte violenta),
latrocínios (roubo seguido de morte), entre outros.
Mas o por que de
tanta violência? Podemos dizer que na maioria dos casos estão em jogo dívidas
vindas dos tráficos de drogas e pelo próprio uso de drogas. Só pra ter ideia,
segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
sobre a causa de morte de quem consome o crack, cerca de 56,5% dos usuários são
assassinados. Isso mostra que mais da metade morre não tanto pelo uso da droga
(que é terrível, vai definhando a pessoa), mas sim, pelas dívidas que arranjam
na busca descontrolada pela substância.
Podemos ilustrar
ainda outras formas de violência que atinge os jovens no Brasil, como os
sequestros e os estupros. E por que não falar de outras formas de violência
como a que priva os jovens da sua liberdade pelo trabalho escravo (que tem
crescido em algumas regiões do Brasil, mas muito camuflado), ou ainda o descaso
do Governo em relação à realidade educacional brasileira. Enfim, são muitas
formas de violência que fazem do jovem brasileiro uma das principais vítimas e
os primeiros números das estatísticas.
Propagando violência...
Não raro a gente
pode ver em algumas publicações pelas redes, pessoas que se dizem cristãs
católicas pregando uma verdadeira idolatria da violência. São aqueles que
apoiam certas tendências políticas e ideológicas (cada um julgue como
preferir). São aqueles que apoiam pena de morte, apoiam tortura a bandidos,
apoiam aborto, etc. Sabemos bem qual a postura da Igreja quanto a estes
assuntos. Sabemos que a vida, seja ela qual for, está acima de todo e qualquer
tipo de castigo humano. Sabemos que toda a vida, desde a concepção, deve ser
cuidada e protegida. Contudo, ainda somos inimigos da vida e amigos da
violência quando estes assuntos levantados acima entram em discussão.
A Campanha da
Fraternidade deste ano também pode ser uma luz a nos iluminar nesse sentido.
Nossa linguagem, o modo como nos comunicamos uns com os outros em todos os
lugares mostram de que lado nós estamos. Mostram se a gente se reconhece mesmo
irmãos uns dos outros, ou se esse papo só vale da porta da igreja para dentro.
Precisamos urgentemente superar a intolerância e o preconceito, duas faces
camufladas de violência.
Precisamos superar!
Quando paramos pra
analisar um pouco da nossa realidade fica fácil identificar o que precisamos
superar, não é mesmo? A mídia de um modo especial vem sendo uma grande
propagadora da violência. A televisão e o telejornalismo brasileiro,
particularmente, têm sido transformados numa fábrica de más notícias e de
sangria. Somos o tempo todo levados a acreditar que o Brasil não tem mais
jeito, que está tudo perdido. Não deixem que façam a gente pensar assim! Já
disse nosso amado Papa Francisco: “Não deixem que vos roubem a
esperança!”.
Nós, cristãos, e de
modo particular, católicos, somos chamados todos os dias a renovar a esperança.
Se o mundo não vai bem, se a violência está se propagando assustadoramente, nós
somos convidados pela Igreja neste ano de 2018 em diante, para acreditar como
nunca antes que EM CRISTO SOMOS TODOS IRMÃOS!
Pode parecer um
pouco utópico demais depois de vermos tantos dados e números preocupantes, mas
nossa missão no mundo é transformá-lo. Por isso, galera, repito e não vou parar
de repetir: NUNCA DEIXEM QUE DIGAM A NÓS, JOVENS, QUE NÃO PODEMOS MUDAR O
MUNDO, PORQUE NÓS PODEMOS! Quem não acredita em transformação é quem não acredita
no Deus-Misericórdia, no Deus-Amor, no Deus-Onipotente. Nós acreditamos, é por
isso que temos de renovar sempre a esperança no amanhã.
Pra fim de papo...
Bem , vimos que
infelizmente temos muito o que crescer quando o assunto é violência em nosso
país. Mas é fundamental que a gente toque nesse assunto, divulgue esses números
todos e tenha consciência de que com nossos gestos podemos, sim, transformar o
mundo. Começando pelo mundo ao nosso redor, nas redes sociais, no contato
pessoal, na linguagem, nas opiniões, no respeito e na tolerância, etc.
Mas tudo isso tem de
ser cultivado à luz da fé. É preciso ter sempre presente que todo e qualquer
tema proposto pela Campanha da Fraternidade deve ser refletido com o auxílio da
fé. Vale sempre a perguntinha chave: O que Jesus Cristo tem a nos ensinar? O
que a Palavra de Deus tem a contribuir?
A juventude precisa
se mobilizar. Precisamos falar, refletir, debater e assumirmos este tema com
vigor, buscando transformar nossa realidade aos poucos. Não é preciso grandes
coisas, basta um gesto de cada um e vamos, com a ajuda de Deus, caminhar em
direção à superação de todas as formas de violência, fazendo de nosso mundo um
lugar mais justo, fraterno e gostoso de se viver.
São
João Bosco, santo da Juventude, interceda pelos jovens brasileiros!
Salve
fraterno a todos!
Frei Renan Espíndola, OFMCap. Pelotas, RS.
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