A Campanha da Fraternidade (CF), que se realiza na Igreja do Brasil durante a Quaresma desde 1964, pretende ser uma ajuda para vivê-la mais intensamente.
Para tanto, ela deve preencher algumas suposições. A primeira e mais importante: ela deseja ser um momento forte de evangelização. Isso traz consigo algumas conseqüências. A CF situa-se mais no campo do anúncio da Palavra de Deus, ou seja, da evangelização e da catequese prolongada na Escola da fé, concretizada nos encontros, círculos de estudos, grupos de reflexão etc. Portanto, não em primeiro lugar na Liturgia, pois a dimensão celebrativa supõe comunidades evangelizadas e catequizadas. Devemos reconhecer que a Liturgia também tem uma dimensão evangelizadora. Se esta ação evangelizadora e catequética for intensa, repercutirá decisivamente na Liturgia quaresmal.
A CF deve respeitar as grandes linhas-força da Quaresma. Estas linhas-força são, sobretudo, a observância quaresmal da oração, do jejum e da esmola no seu sentido mais profundo, e a temática que se expressa na Palavra de Deus nos Anos A, B e C da Quaresma.
Fundamentalmente, a renovação das promessas batismais, no Ano A, a participação no mistério pascal de Cristo pela conversão, no Ano B, e a necessidade da conversão e penitência para participar da misericórdia de Deus, no Ano C. Isso, sem perder de vista a Palavra de Deus do 1° e 2° domingos, respectivamente, as tentações de Jesus e sua transfiguração.
Nesta perspectiva, a Campanha da Fraternidade, com seu tema e lema, poderá servir de pano de fundo da pregação homilética.Ela poderá inspirar o Ato penitencia], sem transformá-lo em “Celebração penitencial”. Algumas preces poderão brotar da ação concreta desenvolvida pela CF, sem se esquecerem as grandes lições da Igreja e do mundo, bem como a dinâmica quaresmal.
Cada ano, a Igreja no Brasil está oferecendo cantos para a Missa. É discutível se todas as partes deveriam ser sobre o tema da Campanha. Em todo caso, faz-se um sincero esforço para que esses respeitem a temática da Quaresma e das leituras bíblicas de
Domingo.
Desta forma, a CF leva a Igreja no Brasil a fazer uma experiência na vivência da fraternidade. Esta experiência de fraternidade transforma-se em celebração no Tríduo Pascal, numa linguagem menos cósmica do que no hemisfério norte e mais histórica, bem dentro da caminhada libertadora promovida pela Igreja.
Texto de “Viver o Ano Litúrgico – Reflexões para os domingos e solenidades”, de Frei Alberto Beckhauser, Editora Vozes.
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