Até onde sou responsável pelo outro?


Por Frei Almir - freialmir@gmail.com
Disponível em: http://www.franciscanos.org.br/?p=137326

As Ordens e Congregações religiosas dispõem de verdadeiros tesouros que são os documentos de encontros e de capítulos, textos formativos e orientações emanadas pelos responsáveis. Vamos tirar do baú da Ordem dos Frades Menores um documento do ano 2004: Todos vós sois irmãos (Subsídios para a formação permanente sobre o capítulo 3° das Constituições Gerais. Escolhemos umas poucas reflexões a respeito da responsabilidade de uns para com os outros.

Uma das questões cruciais propostas pelo livro do Gênesis é a da responsabilidade em relação aos outros. Depois de matar Abel, Caim tem de haver-se com Deus. Para se defender de seu sentido de culpa e de mentira, responde a Deus com uma pergunta: “Sou eu, por acaso, o guarda do meu irmão?” (Gn 4,9). Desculpando-se quer livrar-se de sua responsabilidade por seu irmão.

Mais cedo ou mais tarde a vida fraterna coloca-nos diante da mesma pergunta: “Sou eu, por acaso, o guarda do meu irmão?”

Os lugares em que se verifica o impacto são tão vastos quanto as atividades diárias, os momentos decisivos, as celebrações e os dramas, as entradas e saídas, etc. Cada acontecimento pode ajudar um Frade a se tornar Frade Menor responsável por si ou por seus irmãos. Mesmo que os irmãos nos tenham sido dados como uma graça ou como uma prova, ou até mesmo como lugar de evangelização, palpita sempre dentro de nós o reflexo de Caim. Temos à nossa disposição todo o necessário para nutrir ou para superar o individualismo, para fechar-nos em nós mesmos ou para tornar-nos solidários com os outros. Entrar em comunhão com o outro inclui a conversão de nosso egoísmo fundamental.

Francisco de Assis tinha viva consciência dos perigos inerentes ao voltar-se para a própria vontade. É o que atestam muitas de suas Admoestações (Adm 2,3,4, 8 e 18). A experiência fraterna é o primeiro lugar para contradizer o orgulho original e o vagar fora da obediência. As Fontes nos ensinam que a caridade precede à obediência e ao vínculo com a comunidade. Até onde se há de ser responsável pelo próprio irmão? Até à caridade para com o outro e à desapropriação de si mesmo.

Contudo, na caridade existe também a reciprocidade e o encarregar-nos unsdos outros. Esta é outra face da minha “responsabilidade”. Os outros, por sua vez, se encarregam de mim. Meus irmãos são responsáveis por mim. É o que claramente diz o final da fórmula de profissão: “Para que…, com a ajuda de meus irmãos, eu possa chegar à perfeição da caridade, no serviço de Deus, da Igreja e dos homens”. “Com a ajuda de meus irmãos!” significa:  com sua contribuição, com sua parte, necessária para a consecução de min há identidade franciscana.

Todos vós sois irmãos
Ordem dos Frades Menores
Roma 2004, p. 156-157

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