- E por falar em Juventudes... –
Paz e Bem, gente boa! Já tem algum
tempo que estamos tendo a oportunidade de refletir sobre o DPS (Documento
Preparatório para o Sínodo) que está apontando luzes com seu tema “Jovens, Fé e
Discernimento Vocacional”. Hoje nosso texto irá prosseguir nessa mesma vibe, e o papo é sobre “As novas
gerações”, segundo subtítulo do primeiro capítulo do DPS. Vamos nessa?
As novas gerações
Já no
texto anterior (Os jovens no mundo de hoje), falávamos que ser jovem hoje é
muito diferente do “ser jovem” de nossos pais e avós. Estamos em outra época,
fortemente marcada pelas transformações socioculturais. É com essa ideia que os
bispos prosseguem a análise sobre as novas gerações. Podemos dizer que é a
chave de leitura para compreendermos nossa realidade.
Os
bispos seguem dizendo que temos diante dos olhos dois aspectos desta realidade:
de um lado a globalização, que nos fez homogêneos quando nos uniu virtualmente
com outras pessoas de todos os cantos do mundo; e de outro lado as
peculiaridades de cada cultura e lugar, que nos vão formando e com as quais
construímos nossa identidade no mundo.
Em
sentido particular, podemos destacar as singularidades a que estamos submetidos
dentro de nossa cultura, o modo como somos criados, o ambiente familiar em que
estamos inseridos, a sociedade que nos acolhe, os valores que internalizamos.
Muitos
jovens hoje passam por situações que ferem a sua dignidade. Os casos de
violência nos ambientes onde estão inseridos; e todo tipo de violência, da
verbal à física, passando pela psicológica (bullying, por exemplo, que atinge
os três aspectos). É preciso destacar também a situação de tantas meninas
jovens que têm suas vidas agredidas ou até mesmo tiradas por casos de estupro,
violência doméstica, etc. São dados apontados pelos bispos e que são mais
presentes em nossas realidades locais do que podemos imaginar.
Pesquisas e estudos sobre os jovens
Merece
destaque os estudos que o DPS traz sobre os jovens de hoje e que servem de luz
para que a gente se compreenda enquanto jovens, e para quem já está na fase
adulta, compreenda por onde deve passar o acompanhamento dos jovens.
Pertença e participação
Esse
ponto diz respeito ao fato que os jovens não se sentem uma parte inferior da
sociedade, ou que mereça ser cuidada e protegida, ou mera receptora de
assistência pastoral. Os jovens se sentem responsáveis pelas mudanças no meio
onde vivem, e querem engajar-se nos processos de transformação, como
protagonistas e não como assistentes.
E aqui vem a primeira dificuldade. As pessoas,
os adultos, as autoridades em geral, não acreditam na força do jovem. Vale a
máxima “os jovens são o futuro”, quando, na verdade, “os jovens são o
presente”, porque no futuro não serão mais jovens, serão adultos.
Os
estudos apontam que “a disponibilidade à participação e à mobilização em ações
concretas, nas quais a contribuição pessoal de cada um seja ocasião de
reconhecimento da própria identidade, mistura-se com a intolerância em relação
a ambientes em que os jovens sentem, justa ou injustamente, que não encontram
espaço nem recebem estímulos”. Diante disso, vem o fenômeno do NEET (not in
education, employment or training, ou seja, sem compromisso com atividades de
estudos, nem trabalho e nem formação profissional). Estão em jogo pertença e
participação, abertura ou fechamento.
Pontos de referência pessoais e
institucionais
Os
jovens procuram pontos de referência autênticos e honestos, próximos deles.
Procuram ambientes em que se sintam à vontade para partilhar as suas descobertas
ou suas indignações e onde possam pôr à prova sua capacidade de se relacionar
com outras pessoas.
As
referências pessoais buscadas pelos jovens não são somente adultas, os jovens
buscam pontos de referência também entre os seus iguais. Cresce a necessidade
de sermos jovens que cativem outros jovens, galera.
As
instituições como um todo, e a Igreja entra aqui, são vistas com cautela pelos
jovens devido ao fato de que tudo o que vem de fora de seu círculo de relações
é bem filtrado antes de fazer parte do mesmo. Instituição muitas vezes é vista
como o oposto de liberdade, fazendo com que os jovens procurem formas de
religiosidade desligadas de instituições. A Igreja Católica encontra aqui um
desafio.
Rumo a uma geração híper(conectada)
Estamos
vivendo uma fase inédita na história em termos tecnológicos. Somos uma geração super-conectada. Estamos ligados e
interligados com o mundo inteiro, basta um clic. Temos no smartphone a
possibilidade de ir virtualmente a qualquer lugar do mundo e falar com pessoas
de todo canto do planeta.
É por
aí que vai nosso futuro. Os jovens são os mais inseridos nesse campo e a Igreja
se encontra frente a essa nova realidade do mundo virtual, o ciberespaço. A Igreja precisa criar
então formas de aproveitar essa revolução em benefício da evangelização. É uma
preocupação que os bispos levarão para o Sínodo em 2018.
Para fim de papo
Tudo
isso dá o que falar, não é mesmo? O DPS está apontando pistas muito pertinentes
para o futuro. E nós, como bons cristãos, franciscanos e franciscanas, temos o
compromisso de estarmos atualizados e partilharmos todos esses assuntos em
nossas rodas de conversa.
Nosso
próximo texto nos ajudará a refletir um pouco mais sobre as questões
vocacionais, que muitos jovens só de escutarem esta palavra já sentem um
friozinho na barriga. Que São Francisco e Santa Clara intercedam por cada um e
cada uma de vocês.
Um
forte abraço com fraternura!
Frei
Renan Espíndola, OFMCap.
Pelotas,
RS.
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