FÉ, DISCERNIMENTO, VOCAÇÃO


Paz e Bem, galera franciscana! 
Aqui estamos mais uma vez para nosso estudo sobre o DPS (Documento Preparatório para o Sínodo). Em nosso último texto, dissemos que a temática seria o segundo capítulo do documento, “Fé, Discernimento, Vocação”. O assunto é genial porque estamos no ponto central do tema do Sínodo. Vamos nessa, conferir? 

Uma Igreja próxima dos jovens 

Quando começamos a ler essa segunda parte do DPS, um aspecto nos chama atenção: A Igreja mais uma vez afirma que está do lado dos jovens e sente-se impelida a acompanhar de perto as realidades de cada jovem, “sem exceção”. A Igreja sente-se no compromisso de ajudar o jovem nesse processo por vezes difícil, doloroso de tomada de decisões, de busca de sentido, de construção da própria identidade no mundo. 

Por isso, os bispos passam a apontar algumas considerações importantes para que esse acompanhamento possa ser feito. Falaremos nesse sentido, sobre a relação entre fé e vocação. Depois somos convidados a refletir sobre um dom precioso que recebemos de Deus, o dom do discernimento.

Fé e vocação 

Se alguém te perguntasse agora, neste instante que estás lendo este texto “qual a relação entre fé e vocação?”, o que tu dirias? Os bispos nos ajudam a clarificar essa questão dizendo que “a fé é a fonte do discernimento vocacional”, porque é pela fé que podemos ouvir o chamado que Deus nos faz – vocação ao amor – e, em contrapartida, responder a esse chamado de Deus.  

A fé é a certeza de que, muito antes de escolhermos a Deus e amá-lo, Ele mesmo nos escolheu e nos amou, como nos diz o Evangelho de João, no capítulo 15. Então, se somos escolhidos e amados por Deus, podemos nos confiar a Ele. Deus é fiel em seu amor por nós, e esta fidelidade de Deus supera toda e qualquer fragilidade que possamos ter. 

Os bispos dizem que “acreditar significa colocar-se à escuta do Espírito”, mas antes disso, distinguir quais são os apelos do Espírito e quais são os apelos do mundo. O que me permite distinguir uns dos outros é a fé. Aqui a Palavra de Deus assume um papel importante na nossa vida. 

Na Bíblia, são vários os exemplos de jovens que ouvem o chamado de Deus e, pouco a pouco, pela fé, vão tomando “consciência do projeto de amor apaixonado que Deus tem por cada um”. E eu, estou consciente do projeto de amor apaixonado que Deus tem para minha vida? O que Deus quer de mim? 

É preciso que a gente confronte a Palavra de Deus à nossa vida concreta, do cotidiano. Afinal, vocação diz respeito a caminho concreto, atitude de vida e movimento rumo ao que acreditamos, mediante o discernimento.  

O dom do discernimento 

Nós já tivemos a oportunidade de refletir em nossos textos sobre o discernimento. O conceito que os bispos darão para o exercício do discernimento é muito rico; eles entendem que discernir é “tomar decisões e orientar as ações pessoais em situações de incerteza e perante impulsos interiores contrastantes”.  

E todos nós, ou já passamos por momentos assim em nossa vida, ou ainda vamos passar. Chega um momento em que, como já foi dito, nos deparamos em frente a uma encruzilhada, onde devemos escolher um caminho apenas e neste nos entregar, confiando que aí estará nossa felicidade.  

O discernimento vocacional é aquele exercício em que, ouvindo a voz do Senhor e seus apelos para cada um de nós, fazemos nossas opções fundamentais. Essas opções fundamentais serão a base de todas as nossas iniciativas. Por exemplo: a opção fundamental pelos pobres e excluídos exige que a gente dirija toda a nossa vida em benefício dessa classe de pessoas.  

A primeira opção fundamental que fazemos deve ser aquela sobre o nosso estado de vida. Para qual vocação Deus me chama? O que eu sinto mais forte em meu coração? Onde eu me vejo daqui a vinte, quarenta anos? Discernir nem sempre é tarefa fácil, ainda mais em nosso tempo, onde existem tantas possibilidades e uma incerteza generalizada. Por isso, os bispos adotam o método do Papa Francisco para o discernimento, com os três verbos – reconhecer, interpretar e escolher. Vejamos o que eles nos ensinam. 

Reconhecer  

O primeiro exercício para o discernimento é reconhecer tudo aquilo que chega até nós, vindo das mais diversas experiências que temos em contato com o mundo que nos cerca. Tudo aquilo que produz um efeito em mim. Reconhecer também a ansiedade que isso me causa. Os desafios frente a tantas oportunidades, sem julgá-las a princípio. A Palavra de Deus nos ajuda a perceber toda essa vida que chega até nós nessa fase. 

Interpretar  

Não basta só reconhecer toda essa riqueza de sentimentos, emoções, desejos e impulsos que nos chegam. É preciso interpretar tudo isso à luz da fé. O que Deus quer me dizer por meio desse acontecimento? Como devo agir nesse caso? Por que isto acontece comigo e não com outra pessoa? Dar um sentido para cada fato, pessoa, palavra marcante em nossa vida. Deus fala pelos acontecimentos. Mas os fatos sozinhos são mudos, pois podem ser interpretados de maneiras diferentes. Convém ouvir a voz de Deus, Sua Palavra que nos guia. É preciso ter fé. 

Escolher  

Quando conseguimos perceber o que Deus quer para nós, (claro que nunca teremos total certeza, por isso que precisamos da coragem e da ousadia de arriscar), então precisamos fazer nossas escolhas. Aqui, dizem os bispos, faremos o exercício mais autêntico de liberdade. 

Deus é maravilhoso. Ele nos convida, nos chama, tem um projeto de amor para cada um de nós; mas nos dá a liberdade de optar, de escolher. Mais uma vez eu digo, nunca teremos total certeza, é preciso coragem para arriscar nosso caminho e nos entregarmos naquela trilha para a qual nosso coração bate mais forte.  

Para fim de papo... 

Falar sobre vocação para muitos pode dar um friozinho no estômago. Vocação é tema para rezar, refletir, dialogar com Deus... A fé é indispensável para o discernimento.  

Em nossa próxima oportunidade, continuaremos a falar sobre vocação, agora direcionando para a missão. Também vamos falar sobre acompanhamento vocacional. Desejo que Deus abençoe a todos e todas com a intercessão de São Francisco e Santa Clara de Assis! 

Um Salve fraterno, 
Frei Renan Espíndola, OFMCap. 
Pelotas, RS. 

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