SEMANA DO MEIO AMBIENTE - FESTA SANTÍSSIMA TRINDADE



A Semana do Meio Ambiente 2017 da Juventude Franciscana de Florianópolis teve foco na ação ambiental. E, para colocar o amor pela natureza em prática, a JUFRA Floripa realizou um trabalho de várias etapas. Iniciamos com uma reflexão sobre as questões ambientais, a partir da celebração dos dois anos de lançamento da Encíclica Laudato Si. Em seguida, tivemos uma conversa orientativa com a Maria Gabriela Knapp da empresa Brotei, sobre a disposição correta dos resíduos gerados a partir do consumo de produtos do nosso dia a dia. Por fim, realizamos trabalho voluntário na coleta e destinação correta dos resíduos da festa da nossa comunidade paroquial, a Festa da Trindade, com objetivo de colocar em ação o cuidado com a Casa Comum em nossas celebrações e festas religiosas.


À luz de São Francisco de Assis, a Semana do Meio Ambiente começou com um encontro fraterno no dia 04/06/2017, o qual nos rendeu valiosas informações sobre diferentes soluções para o primeiro problema apontado por Papa Francisco em sua carta encíclica - a poluição causada pelo homem devido aos resíduos poluentes gerados pelas várias atividades que introduzimos em nossa vida moderna. Durante a tarde também conversamos sobre a cultura Lixo Zero - uma boa resposta aos problemas intimamente ligados à cultura do descarte, apontada na Encíclica como um fenômeno da civilização atual que afeta tanto seres humanos excluídos, como a matéria prima proveniente da natureza que se convertem rapidamente em lixo. Nesta cultura do descarte, além dos resíduos poluentes, há uma necessidade de trocar os objetos existentes, transformando-os em “obsoletos”, incluindo tragicamente hoje, até os próprios seres humanos.

Este primeiro encontro da Semana do Meio Ambiente teve início às 16h com orações e, logo em seguida, o nosso assistente espiritual, Frei Luiz Antonio Frigo - OFMCap, fez uma explanação sobre Espiritualidade e Ecologia. 

Frei Luiz Antonio Frigo – OFMCap, em explanação sobre Espiritualidade e Ecologia
Em seguida louvamos a Deus pelas criaturas cantando a canção franciscana “Doce é sentir”.

Gabriel e Marco Aurélio na canção franciscana "Doce é Sentir". 
Na sequência, Rívea Medri, Secretaria de DHJUPIC da Jufra Floripa, fez a reflexão a partir da Encíclica Laudato Si. 

Leitura da reflexão a partir da Encíclica Laudato Si’, por Rívea. 
“Na encíclica Laudato Si, Papa Francisco nos convida a uma conversão ecológica, um alinhamento com as escrituras sagradas, para curar qualquer comportamento que tenha sido alimentado em incorretas interpretações bíblicas, e nos indica como exemplo de vida em harmonia com todas as criaturas, as ações de São Francisco de Assis, um exemplo de cura com a ruptura entre Deus, o próximo e a natureza. Nos indica a cultuar momentos de espiritualidade e vivenciar os preceitos cristãos em todas as relações, amar a Deus e, ao próximo como a si mesmo. Porque “Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. A encíclica nos relembra que o livro Gênese contém, em sua linguagem simbólica e narrativa, ensinamentos profundos sobre a existência humana e sua realidade histórica. Nos sugere que a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: às relações com Deus, com o próximo e com a terra. Aponta que, segundo a bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. E denomina essa ruptura de pecado. Por esse motivo, o objetivo do encontro não é de recolher informações ou satisfazer a nossa curiosidade sobre problemas ambientais, mas tomar a dolorosa consciência, ousar sentir-nos parte da natureza e assim transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece com o mundo e, a partir daí, reconhecer a contribuição que cada um lhe pode dar para harmonia da nossa casa comum. É para buscar restaurar em nossos corações a harmonia entre o Criador, a humanidade e toda criação que foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. Fato que distorceu também as orientações divinas presentes em Gênese. Apoiados apenas na leitura de Gn 1, 28 crescemos a pensar que éramos proprietários e dominadores da terra, autorizados a saqueá-la e desconsideramos o dever de cultivar e guardar, escrito em Gn 2, 15. Como resultado a relação originariamente harmoniosa entre o ser humano e a natureza transformou-se num conflito. Hoje, precisamos estar cientes que o pecado se manifesta com toda sua força de destruição nas guerras, nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, incluindo a irmã mãe terra, que cada vez mais, clama contra o mal que lhe provocamos. Nesta semana de reflexão entre o ver, o julgar e o agir sobre o ambiente, busquemos a cura da violência que está no coração humano ferido pelo pecado, e entendamos que a cura em nós, deve ser estendida a sanar os sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. “Que entendamos, que por isso, hoje, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). ”

Na sequência, a explanação de Maria Gabriela nos permitiu aprender como ajudar na questão da poluição por resíduos sólidos a partir do simples gesto de considerá-los resíduos e não lixo. Nos mostrou o destino dos produtos quando tratados como resíduos e quando tratados como lixo. Nos explicou sobre os locais de disposição final, desde os antigos lixões até às atuais tecnologias dos modernos aterros sanitários e seus custos financeiros e ambientais, e ainda, nos apresentou soluções simples e eficientes de destinação - como os pátios de compostagem para resíduos orgânicos coletivos e as composteiras individuais para residências. 


Maria Gabriela Knapp, educadora sobre Cultura Lixo Zero e consultora na empresa Brotei – Gestão de resíduos orgânicos para escritórios, residências e condomínios. 


A convidada também ensinou maneiras práticas e eficazes de separação dos resíduos em nossas casas, adequadas à realidade dos serviços disponíveis em nossa cidade e em nosso país, com base na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, como coleta seletiva, as cooperativas de reciclagem, os ecopontos para descarte de produtos perigosos e até mesmo os PEV (Pontos de Entrega Voluntária) de orgânicos e recicláveis. 

“Quando tratamos como lixo, descartamos sem cuidado e a mistura dos diferentes produtos sempre gera a necessidade de ser descartado com urgência, afastando às pressas do nosso contato, enterrando às pressas para ser degradado por processos biológicos pesados que demoram anos para finalizá-los e geram gases nocivos ao equilíbrio climático do planeta. Já a relação com os resíduos, por simples separação entre Orgânicos, Recicláveis, Rejeitos e Perigosos permite o tempo de contato suficiente para desenvolver em nós as ações de repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar, os 5R’s tão necessários para chegarmos de fato a resolver os impactos da produção de resíduos. ”

Durante a explanação, alguns participantes contaram sobre suas experiências pessoais, dentre fracassos e sucessos, na separação e encaminhamento nos seus bairros, inclusive a experiência da Casa Paroquial em que estávamos, Paróquia da Trindade, que possui composteira para tratar seu resíduo orgânico. Outros participantes fizeram perguntas sobre viabilizar as ações em seus apartamentos, condomínios, bairros. 

Por fim, os jovens da JUFRA foram estimulados a voluntariamente compor a equipe de limpeza e destinação dos resíduos da 160º Festa da Santíssima Trindade, e ajudar a praticar as ações de separação dos resíduos da festa conforme o exposto, bem como recolher os resíduos e encaminhá-los à área de triagem, além de instruir os participantes da festa a utilizar os utensílios de descarte.

A Festa da Trindade, como é conhecida, é uma festa comunitária que acontece há 160 anos no Bairro da Trindade e vizinhança, e que há alguns anos é sediada na Igreja Matriz da Paróquia Santíssima Trindade, dirigida pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos do Paraná e Santa Catarina, sede da nossa fraternidade de Juventude Franciscana em Florianópolis. Durante os 11 dias de festa acontecem as celebrações religiosas e a comercialização de alimentos preparados por grupos das diferentes frentes de trabalhos sociais da comunidade paroquial. A separação e encaminhamento dos resíduos sólidos é pensado e bem cuidado por membros da comunidade, liderados pelo casal Fátima e Milton. 

Fatima Quirino Goulart e Milton Aloisio Philipi – Casal de Coordenadores da Triagem e Destinação dos Resíduos da Festa da Trindade. 
O espaço recebe até duas mil pessoas nos dias mais movimentados e é difícil ver resíduos no chão ou mesmo nas mesas. Em cada mesa é disponibilizado um pequeno recipiente para coletar os resíduos que, ao encher, é recolhido por um membro da equipe e encaminhado à área de triagem. Na triagem, é separado o metal, o plástico, os orgânicos (sendo papel também incluído) e o rejeito. Os resíduos então separados são armazenados em sacos plásticos adequados e encaminhados para a reciclagem, pátio de compostagem e aterro sanitário da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) responsável pela coleta de resíduos sólidos e pela limpeza pública de Florianópolis. Durante a Festa da Trindade é dado prioridade ao uso de pratos de vidro e de papel, evitando plástico. No espaço externo da igreja, as barracas de vendedores autônomos comercializam alimentos e, para esses resíduos, em parceria com a Comcap são disponibilizados contentores para recolhimento que, todos os dias pela manhã, são recolhidos. 

A festa aconteceu durante toda a Semana do Meio Ambiente 2017, e os jovens da JUFRA e dos outros grupos de jovens da Paróquia da Trindade participaram ativamente de todos os trabalhos envolvendo a limpeza e destinação correta dos resíduos. Os relatos são de muita satisfação por terem ajudado e por terem aprendido.

Foto 1 e 2 - Recolhimento dos contentores e limpeza das mesas. Foto 3 - Encaminhamento para triagem. Foto 4 - Resíduos (latas) separados na área de triagem. 
“Tornamo-nos menos indiferentes às sequências de atos que acontecem no mundo e principalmente na natureza devido nossas escolhas e hábitos de vida. ” “Na festa o trabalho com os resíduos é muito bonito, é nítido o cuidado de zelar pelo espaço e pelo Planeta Terra. E há muito que melhorar. É importante que nós jovens nos envolvamos, mais braços, mais cabeças e mais corações engajados trazem mais melhorias. Vimos que conforme for aumentando a consciência ambiental pode se pensar em criar ações para medir e buscar diminuir a produção de resíduos na festa, reduzindo embalagens, trocando embalagens plásticas por embalagens de papel, ou por material reutilizável.”

A toda equipe envolvida, parabéns! 

Assim foi mais um momento em que a Fraternidade Santíssima Trindade buscou a aproximação aos cuidados com a Casa Comum e, vivenciando o amor de Francisco por todas as criaturas, queremos pensar nos ensinamentos obtidos como um impulso! Utilizaremos da força absorvida em todos os aprendizados que a Semana do Meio Ambiente em 2017 pode nos proporcionar para fortalecer o cuidado com a criação, um dos pilares da espiritualidade franciscana. 

Que o amor de Deus nos guie sempre para o maior cuidado com todas as criaturas e que São Francisco de Assis nos inspire nessa caminhada! 




Paz e Bem,

Rívea Medri

Secretaria Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação
Juventude Franciscana de Florianópolis – Jufra Floripa

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