Essas tantas ceias natalinas


Nesta época do Natal há muitas confraternizações. Colegas de trabalho, membros dos clubes de serviços, integrantes de equipes de pastoral, gostam de se reunir em torno de uma refeição para exprimir estima mútua. Espera-se que todos esses sempre se lembrem o motivo da confraternização: a misericórdia e o carinho do Senhor manifestado no nascimento do Menino das Palhas.

Em quase todas a casas, cristãos ou não, têm o costume de organizar a ceia. Há aqueles que não conhecem o Mistério da Encarnação e mesmo assim fazem uma a sem a presença do Menino. De qualquer modo é sempre ocasião de se observar uma cena tocante. Uma mesa bem arrumada. Quem tem louça bonita não economiza.  Quem tem louça colorex branca ou azul se serve desse aparelho de jantar dos pobres… Pouco importa.  Casa limpa, talvez uma arranjo natalino,  uma música de fundo, a árvore e o presépio. Sobre um móvel, copos e bebidas e já sobremesas sem falta o panettone.

E as pessoas vão chegando: há os que trazem a carne, outros o arroz incrementado, a farofa… quem sabe frutas cristalizadas,  figos e et cetera e tal. As pessoas se trajam com roupas bonitas.  Quem sabe uma oração ao Deus que se torna criança para que essa noitada não seja banal,  celebração do consumismo, encontro quase constrangedor de pessoas que não estimam de verdade.  Sempre os cânticos… o Noite Feliz e o Jingles bells.

Tenho diante dos olhos uma cena toda particular.  O avô, já meio cansado, falando pouco, mas presente lá, o patriarca.  Está sentado perto da mesa principal. Lembra-se ele da mulher que havia morrido há pouco tempo… A última reunião de todos da família, tinha sido para o enterro e a missa de sétimo dia da avó Bertina. O avô observa tudo. Observa atentamente os que chegam: os filhos, as noras, os genros, os netos, os que se estimam e os que não se falam mais devido a essas briguinhas de família.  Ele conhece as diferenças, os problemas.  Teria vontade de pedir que deixassem essas coisas de lado… mas… afinal era noite de Natal.  O avô descansa o olhar nos netos já crescidos… Há mesmo um bisneto  mamando no peito da mãe. De repente, esse homem cheio de anos, bem vestido, com bela camisa azul de mangas compridas e uma calça  marinho  levanta-se, faz o sinal da cruz, fecha os olhos, pensa em tudo isso. Pede que coloquem sobre a mesa imagem do Menino Jesus do presépio da família que ele havia comprado numa loja de Campos do Jordão. O homem para diante da imagem. Fecha os olhos. Reza em silêncio.  Na sala cria-se um clima de mistério. Deus parece que veio de verdade. O patrimônio da família, esse avô, faz uma breve oração. Todos se cumprimentam, alguns se abraçam com fervor e força. Começa, então, a refeição.  Também nesse dia será preciso comer e beber com moderação para que, terminada a festa, as pessoas não fiquem pesadas.

POR FREI ALMIR
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