Jesus, quem é?



Há mais de dois mil anos se fala dele. Desde de seu desaparecimento da terra dos homens, Jesus, tido como Ressuscitado por seus discípulos, reúne à sua volta pessoas de todas as condições, de todos os cantos do mundo, de todas as épocas da história. Ele está na origem do grande movimento que se chama cristianismo. Na realidade, quem é Jesus? Um homem excepcional? Um taumaturgo, “fazedor” de milagres,  um profeta, um mestre de sabedoria  humana? Um enviado de Deus todo particular? Seria ele o próprio Deus que veio  nos trazer a paz e o amor aos homens?

Uma admirável novidade


Quase tudo o que sabemos de Jesus é relatado em quatro livros: sua vida maravilhosa, sua condenação à morte, crucifixão e ressurreição.  São eles os evangelhos. Escritos por quatro autores  (Mateus, Marcos, Lucas e João) entre os anos 65 e 100  de nossa era, quer dizer,  35 a 70 anos depois de sua morte. Não se trata de textos em estilo de reportagem. Procuram seus autores transmitir uma boa notícia, uma boa nova. Dão testemunho de Jesus. Aliás, boa nova é precisamente o significado da palavra “evangelho”, que consiste na vitória de Jesus sobre a morte.

Jesus  não é um personagem legendário, criado, inventado. Autores profanos, quer dizer, historiadores não cristãos e mesmo hostis ao cristianismo, provam que  ele existiu, que foi condenado e, com ele, começou a existir uma comunidade de fiéis bastante vigorosa. Os textos de tais autores, nas grandes linhas, confirmam os escritos dos evangelhos. A única afirmação que não pode ser explicada é a ressurreição. Precisamente, ela constitui o âmago da fé dos cristãos, o centro da mensagem dos evangelhos.  Muitos chegaram a enfrentar a morte para testemunhá-la.  Os seguidores de Cristo convivem com o Ressuscitado.


O contexto


Jesus  nasceu  no ano  menos 6 de nossa era de uma mulher chamada Maria. Viveu numa época muito perturbada.  A Palestina era ocupada pelos romanos. Os partidos políticos e religiosos se entrechocavam: os ricos proprietários de terras, entre os quais eram recrutados os sumo-sacerdotes, resolveram colaborar com os ocupantes; outros contestavam sua autoridade e levavam uma vida ascética; outros ainda, os fariseus, frisavam mais a vida moral do que os ritos; outros se opunham a Roma pelas armas. Jesus conheceu todas estas correntes, inaugurando, porém, um caminho novo.

A vida e a mensagem


Jesus começa sua  atividade curando os doentes, paralíticos, cegos e surdos. Tais curas são sinais concretos  da vida nova que ele veio trazer. Passa o tempo todo ensinando, recomendando o amor a Deus e ao próximo, a paz, a justiça, o perdão, a generosidade, a lisura, a profunda honestidade, o respeito pelos pequenos, de modo especial, viúvas e órfãos.  Realiza também coisas extraordinárias, como por exemplo, cura em dia de sábado, dia em que os judeus deveriam descansar. Vai ao encontro de pessoas de todas as condições, não fazendo acepção de ninguém. A boa nova que vem trazer vai para além dos ritos, dos costumes e das fronteiras. Reivindica para si uma posição especial sua para com Deus a quem ele chama de seu Pai. Afirma que pode perdoar causando escândalo quando somente Deus pode perdoar os pecados.

Condenação à morte


As pessoas que se sentem ameaçadas com sua presença buscam eliminá-lo. Aos poucos, a oposição cresce e os chefes religiosos judeus resolvem condená-lo à morte pelo crime de blasfêmia.  Jesus, no entanto, foi se tornando uma figura popular. Realiza-se um complô.  Judas, um dos próximos de Jesus, participa dessa iniciativa. Depois de um aparente   processo, Jesus é condenado à morte com a cumplicidade de Pôncio Pilatos, procurador romano no exercício do cargo.

Começa então a paixão de Jesus. Primeiramente é flagelado, depois ridicularizado (colocam-lhe uma coroa de espinhos na cabeça já que ele  tinha dito que era rei), condenado a carregar sua cruz  até o lugar do suplício, finalmente pregado a uma cruz que depois é erguida. O suplício é revestido de atrocidade. Trata-se de um castigo reservado aos escravos e aos opositores políticos. Morre abandonado pelos seus, salvo por Maria, João e algumas mulheres.

Três dias após sua morte, pela manhã bem cedo, o túmulo onde havia sido depositado seu corpo aparece vazio. Aquele que  “reviveu”, que  ressuscitou aparece então a Maria Madalena e depois a seus amigos. Os relatos da ressurreição são de grande riqueza humana. Os apóstolos procuram passar neles toda sua fé nesse Jesus que lhes havia dado a vida e do qual se sentem muito próximos.

A Boa Nova se difunde  como grande rapidez, como raio de luz, e chega aos ouvidos de seus apóstolos e discípulos.  Primeiramente, incrédulos, esses homens e essas mulheres haveriam de se tornar incansáveis testemunhas desta vitória  sobre a morte  que mudou sua vida e pode  abalar a nossa.

Uma tão bela história não pertenceria ao passado? Detenhamos a ver aquilo que se passa à nossa volta. Hoje, ainda homens e mulheres haurem forças, alegria e motivos para agir em favor dos homens  na pessoa de Jesus. Homens e mulheres, nesses dois mil anos de cristianismo, encontraram nele a razão de suas vidas:  Agostinho de Hipona, Francisco de Assis, Charles de Foucauld,  Helder Câmara. Esses e tantas outras e tantos outros. Se assim o fizeram foi devido ao fato de terem encontrado  Jesus. Em parte encontraram-no lendo os evangelhos, e levando a sério suas palavras. Viver de Jesus, em Jesus, hoje é possível, bem como experimentar seu perdão.  Jesus é alguém que nunca se termina de descobrir, a amar e encontrar em cada homem.

***

Apêndices:

Jesus e suas datas: Jesus teria nascido em 5, 6,7 “antes de Cristo”.  Devido a um erro de cálculo  foi que um monge do século IV fixou o começo da era cristã  no ano 754  de Roma.  Pouco se sabe a respeito da vida de Jesus nos trinta anos antes de começar sua vida pública.  Sua atividade teria começado nos anos 27 ou 28 e durado um mínimo de dois anos.  Muito provavelmente, ele morreu a 7 de abril de 30, com um pouco mais de trinta anos.

Jesus e sua terra: Jesus viveu na Galileia, ao Norte do atual estado de Israel. Era terra rica e fértil. Os galileus falam o aramaico, língua próxima do hebraico e comum em toda a Palestina. Seus vizinhos mais distantes da Judeia  (onde se encontra Jerusalém)  consideram-nos como potenciais rebeldes. Para se chegar à Galileia  é necessário atravessar  ou contornar a  Samaria  cujos habitantes são considerados estrangeiros e idólatras.

Jesus e sua religião: Jesus era judeu. O judaísmo e suas obrigações rituais estavam no centro da vida cotidiana.  A religião era vivida em família. Havia grandes encontros de todos em Jerusalém, no templo, por ocasião das grandes festas, momento em que eram feitos os grandes sacrifícios rituais. Frequentava-se a sinagoga.

Jesus e seu mundo: Os romanos  reinam num imenso império.  A Judeia e a Samaria estão sob a autoridade direta do imperador, representada por um “prefeito” e a Galileia, país de Jesus, é governada por um rei que paga imposto a Roma.  Até o final do primeiro século a revolta contra Roma vai crescendo.  No ano 60 há uma primeira revolta  judaica brutalmente reprimida por Tito.  No ano 135,  Adriano arrasa Jerusalém.

Texto seleto

Senhor, te procurei

Senhor, enquanto pude, tanto quanto me deste força, eu te procurei e quis compreender aquilo em que creio, muito discuti, muito sofri.  Senhor meu Deus, minha única esperança, ouve-me:  não permitas que eu me canse de te procurar. Coloca em meu coração ardente desejo de te procurar. Estou diante de ti com minha força e minha fraqueza: fortalece uma e  cura a outra.  Diante de ti minha ciência e minha ignorância. Abre-me a porta do lugar em que encerraste. Que me lembre de ti, que te compreenda,  que te ame.

(Santo  Agostinho).

NB.:  Esta “catequese” sobre  Jesus  se apoia fortemente nas  Fichas da Revista Croire  dos jesuítas franceses.

Disponível em http://www.franciscanos.org.br/?p=34375
Por Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário! A Juventude Franciscana alegre-se em receber sua mensagem! Gratidão! Paz e Bem.