Na hora do casamento, saber escolher…


Todos acolhemos com muita satisfação e esperança  a exortação do Papa Francisco sobre o amor na família. A alegria do amor está na mesa de todos os cristãos desejosos de viver densamente a vida conjugal e familiar. Queremos aqui refletir sobre o tema da escolha do companheiro e companheira de vida.

1. Comecemos com uma citação da Exortação do Papa Francisco:  “Os noivos deveriam ser incentivados e ajudados a poderem expressar o que cada um espera de um eventual matrimônio, a sua maneira de entender o que é o amor e o compromisso, o que se deseja do outro, o tipo de vida em comum que se quer projetar. Estes diálogos podem ajudar a ver que, na realidade, os pontos de contato são escassos e que a mera atração mútua não será suficiente para  sustentar a união. Não há de mais volúvel, precário e imprevisível que o desejo, e nunca se deve encorajar  uma decisão de contrair matrimônio se não se aprofundarem  outras motivações  que confiram a este pacto reais possibilidades de estabilidade ( A alegria do amor, n. 209).

2.Viver é sempre um desafio. Uma coisa é viver conscientemente e outra  viver por viver. Cada um de nós é responsável pela construção de sua história. Boa parte do sucesso de nossa vida depende de nós.  Outra parte se deve  às circunstâncias da vida, aos  “imponderáveis”, da saúde, à irrupção da doença, de alguma catástrofe não prevista. Somos livres. Nada é pré-determinado.  Parece importante saber decidir, saber escolher com discernimento e lucidez.  Não falo aqui da decisão em pequenas escolhas. Penso nas grandes decisões. Entre elas está a decisão que um homem e uma mulher tomam no sentido de unirem suas vidas pelo casamento, decisão de colocar filhos no mundo e fundar uma família.

3. Vivemos o tempo dos indecisos e da indecisão. Diante da imensidade de propostas do mundo a escolha não é tarefa fácil. Dentro de cada um de nós há uma inflação de desejos. Nem todos os desejos são compatíveis uns com os outros. Vivem se atropelando. A televisão, a sociedade do prazer e do consumo vivem martelando em nossos ouvidos  que precisamos aproveitar a vida, usufruir de tudo o que é possível usufruir, não nos  prendendo  a nada e a ninguém definitivamente. Tudo é reformável. Difícil administrar a liberdade, a nossa e a dos outros.

4. Há a escolha do companheiro ou da companheira de vida. Quem é ele? Quem é ela? Quais seus principais centros de interesse?  Qual a sua origem familiar? Como ele ou ela tratam seus pais e irmãos?  Como se posicionam diante dos mais abandonados? Ele e ela têm  gestos de larga generosidade? Que relacionamentos têm com Deus? Qual sua biografia religiosa? Como se comportam diante dos impasses e dos imprevistos da vida? São corajosos, covardes,  maleáveis, intransigentes?  São mesquinhos ou generosos?  Estas e tantas outras questões precisam ser resolvidas e respondidas antes do casamento.  Elas levam a que seja tomada uma decisão lúcida no momento da escolha, da convicção de que poderão rasgar juntos o amanhã. Se estiverem convencidos da “têmpera”  do outro.

5. Muitos rapazes e moças, em nossos dias, protelam a decisão do casamento. Vivem praticamente como casados cada um morando em casa dos pais ou montando uma casa sem uma palavra dada nascida do fundo das entranhas, vendo se vai dar certo.  .. Há uma sorte de medo de se morrer a uma parte da vida. Deseja-se uma segurança total, sem risco e o amor exige o desafio do risco.  Dois seres humanos,  homem e mulher, feitos para atingir a plenitude de sua feminilidade e masculinidade  precisam se escolher.  A doença da indecisão faz com que  muitos nunca tenham dito de verdade: Eu te quero bem. Conta comigo. Não nos largaremos. Os passos dados se revestem, não poucas vezes, de privisoriedade.

6. Um homem e uma mulher, feitos para atingir as estrelas, não podem unir suas histórias por razões superficiais, apenas devido a um frisson emotivo ou sensual. É pouco. Muito pouco. Um casamento só tem sentido quando as pessoas são capazes de fazer o dom de suas vidas de maneira total e irrestrita. Do contrário se torna enfermiça essa relação. Na visão cristã das coisas o marido ama sua esposa como Cristo amou sua esposa, a Igreja.

Eis o desafio: educar as pessoas para escolherem e escolherem bem.

Frei Almir
freialmir@gmail.com
Disponível em http://www.franciscanos.org.br/?p=120790

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