O texto publicado na sexta-feira, 8 de julho de 2016, no blog Frei Vitório - Carisma Franciscano , assim como muitas outras contribuições da página, traz uma reflexão bacana a qual compartilhamos aqui:
Nós que vivemos e Estivemos com ele
Nas Fontes Franciscanas temos uma coletânea de textos chamada Compilação de Assis. Ela é de 1310. Atribuída a Frei Leão, que foi amigo muito especial, secretário, confidente, confessor e companheiro de Francisco de Assis em cada momento de sua vida. Mas nesta compilação aparece uma expressão que soa como um refrão: “Nós que com ele vivemos” ou “Nós que estivemos com ele”. Viver junto, estar junto, caminhar junto, morar junto, são expressões fortes dos que habitaram a casa da mesma vivência. Faz parte da mística da Encarnação, tão própria da franciscanidade. Encarnar-se é viver, estar, morar junto, sangrar junto.
Vejamos alguns textos: “E, muitas vezes, nós vimos isto com os nossos olhos, nós que estivemos com ele” (CA 11,13). “E nós que estivemos com o bem-aventurado Francisco, que escrevemos estas coisas sobre ele, damos testemunho” (CA 14,2). “E nós que estivemos com ele o ouvimos muitas vezes dizer aquela palavra do santo Evangelho” (CA 57,13). “Por isso, nós que estivemos com ele damos testemunho a respeito disto, de que, sempre quando dizia: "Assim é ou será”, assim acontecia; e nós vimos muitas coisas que se cumpriram enquanto ele vivia, e igualmente depois de sua morte” (CA 67,14). “E nós que estivemos com ele fugimos todos por piedade e compaixão dele, e só o médico ficou com ele. E feita a cauterização, voltamos para perto dele” (CA 86,17). “Por isso, nós que estivemos com ele o víamos alegrar-se sempre, interior e exteriormente” (CA 88,8). “Nós que estivemos com ele respondemos a isto, como ouvimos de sua boca” (CA 101, 25).
São mais de 28 citações com esta expressão. Mas por que estou colocando esta nuance das Fontes aqui? Porque hoje ouvimos muita gente dizer eu conheço, fiz junto, estive lá, trabalhei com esta pessoa. Mas foi apenas uma vez, ou numa palestra ou num seminário, numa visita a uma obra social, num curso que fez, um tempinho que trabalhou. Mas não foi uma caminhada comprometida de uma vida toda. É preciso dizer: eu vivi uma vida, estive uma vida, dei a minha vida para esta experiência e depois relatar. Estar uma vez ou apenas conhecer é curriculum lates. Viver e estar fortemente na experiência é Encarnação. A Palavra tem que ser Carne para ser expressa.
Reflexão do Blog
Vivemos no mundo a SUPERFICIALIDADE e ela está intrínseca nas nossas relações. Passamos horas conversando com alguém e em minutos deixamos aquele amigo e ele passa a ser apenas um conhecido que nem temos mais contato. Como jovens, vamos em uma festa, conhecemos alguém, beijamos como namorados e depois cada um para um lado sem nem saber o nome um do outro. No Facebook podemos ter uma linda amizade com alguém que nem conhecemos e então em um clique ficamos sem falar, sem ver, sem ter relação nenhuma... [1] Quase não temos a relação de viver junto como Francisco teve com seus companheiros, quase não temos uma caminhada comprometida de uma vida toda.
Acabamos por viver como caramujos ou relógios, fechado em si mesmo na concha ou então com o centro em si mesmo.
E ai que está a problemática, a superficialidade leva ao VAZIO. Todos temos qualidades, mas também dificuldades e precisamos partilhar. Para que haja partilha é necessário relacionamentos mais profundos, seja na família, no grupo de jovens, como namorados.
O vazio encaminha a neurose que é fruto da solidão, da falta de convivência, da falta de iniciativa do amor, é o fechamento sobre si mesmo. Não somos criaturas voltadas para nós mesmos.
Não se entregue totalmente ao superficial, cuide com carinho das relações.
Vivamos juntos, deixamos a neurose de lado e compartilhemos de um grupo aberto.
Os doze companheiros, liderados por Francisco, não se fecharam em si mesmos. Além de partilharem a vida, foram a Roma buscar uma comunhão com aquele que representa a ligação de toda a Igreja. Eles se colocaram a serviço uns dos outros e da Igreja. E eles venceram. E eles continuam vivos na história de toda humanidade.
Há um Francisco em você, tão simples, tão criatura humana, tão pessoa, tão humano, que pode te ensinar tudo, e tudo claramente. [2]
1 https://www.youtube.com/watch?v=tgd0WEEC50k
2 João, Wilson. O Francisco que está em você
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