A ESPIRITUALIDADE DOS ESPONSAIS
Palavra do dia: ESPOSA - Símbolo: ALIANÇA
Canto (a
escolha)
TEXTO BASE – “Realmente, a nota
característica da espiritualidade de Santa Clara é a de ser uma ‘
espiritualidade dos esponsais’, com o sólido fundamento nas Sagradas
escrituras, nos Santos Padres e na experiência dos místicos que a precederam.
Ela não toca nesse assunto em
sua Forma de Vida e em seu Testamento. Mas
é o que ensina à Inês e às suas irmãs”. (Texto-base da FFB, p 107).
ORAÇÃO INICIAL – (própria do Ano
Clariano)
C- Todo encontro
com Clara desperta, em quem tiver um coração aberto, o desejo de seguir os
passos de Jesus e mergulhar decididamente na vida da Trindade. Hoje vamos ver
Clara, esposa de Cristo, mas sem perder o espírito de “fraternidade”, que a
Trindade evoca. Todo o segredo dessa mulher, chamada Clara, é um só: ter sido
uma esposa enamorada de Jesus Cristo Crucificado. Nosso tempo tem certa
dificuldade para compreender essa visão simbólica.
Enxergando com
os olhos materializados, ficamos constrangidos de chamar Cristo de Esposo. Como
mestra espiritual, Clara trata esse tema nas quatro cartas a Inês de Praga, com
a convicção crescente que atinge facilmente o entusiasmo. Ouçamos um trecho da
1ª Carta a Inês de Praga:
Leitor 1 – Amando-o sois casta:
tocando-o, havereis de vos tornar mais limpa; acolhendo-o sois virgem. Seu
poder é mais forte, sua generosidade mais elevada, seu aspecto é mais belo, o
amor mais suave, e toda graça mais elegante.
Texto bíblico
(Mateus 26, 26-29)
C- Jesus Cristo,
na última ceia e no sacrifício da cruz, eleva a aliança do povo com Javé, à
perfeição. Conferindo ao homem a verdadeira justiça e a adoção divina. No alto
da cruz, o Cristo pobre e ensanguentado é o Esposo da humanidade.
Leitor 2 – “Durante a refeição, Jesus
tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai e
comei, isto é meu corpo.” Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lhe,
dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança,
derramado por muitos homens em remissão dos pecados”. Digo-vos: Doravante não
beberei mais deste fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco
no reino de meu Pai.”
Palavra da
Salvação. T - Glória a vós, Senhor
Reflexão: Relacione o Cristo, esposo de
Clara, com o Cristo da Nova Aliança, esposo da Igreja. Será que os cristãos se
relacionam com Cristo como amada se volta para o amado? Qual é o “tônus” de
nossa oração? Estamos chegando a uma oração de contemplação?
Obs.:
Providenciar alianças de material simples, para o compromisso de cada um. A
imagem de Cristo Esposo revela uma proposta concreta de Santa Clara: um
compromisso com o Povo de Deus em marcha pela libertação. A aliança é símbolo
desse compromisso. Neste momento, cada um pega uma aliança, coloca no dedo e
faz um compromisso de serviço pelo Reino de Deus, em Jesus Cristo.
Canto (à
escolha)
Oração final - Onipotente, Santíssimo,
Altíssimo e soberano Deus que sois todo o bem, o sumo bem, a plenitude do bem,
que sois bom, nós vos tributamos todo o louvor, toda a glória toda a ação de
graças, toda a exaltação e todo o bem. Assim seja! Assim seja! Amém!
Benção de Santa Clara - O Senhor todo
poderoso vos abençoe; volte para vós os seus olhos misericordiosos e vos dê a
sua paz. O Senhor derrame sobre vós as graças em abundância, e, no céu, vos
coloque entre seus santos.
Todos – Amém.
***
Texto seleto
AMOR NUPCIAL E
TRANSFORMAÇÃO EM CRISTO
No coração de
Clara, pode-se intuir o eco da esposa do Cântico do Cânticos: “Melhores que o
vinho são tuas carícias, melhor é a fragrância de teus perfumes, teu nome é um
perfume refinado; por isso as jovens de ti se enamoram” (Ct 1,3). Como pode ser
um peso ficar com o esposo, sentir-se amado por ele? “Para enfeitar-se toda,
interior e exteriormente... das virtudes todas (4CtIn 16-17). A contemplação
leva à transformação interna e externa da pessoa contemplativa. O termo
“virtude” está aqui para indicar a vida nova, a vida em plenitude, que se
adquire graças ao “olhar”, que permanece fixo no Espelho e à luz do Espelho,
fixo em si mesmo. O confronto livre e autêntico entre Cristo e a pessoa que
contempla transforma a pessoa naquele em quem resplende todas as virtudes,
sobretudo a pobreza, a humildade e o inefável amor (cf. 4CtIn 18-26). Essas
virtudes são o prêmio da contemplação, que tem como coração o amor nupcial,
conduz ao amor total: “Tomara que você se inflame cada vez mais no ardor dessa
caridade, o rainha do Rei celeste!” (4CtIn 27).
Para Clara, a
contemplação leva a uma vontade decidida de identificar-se, até o abraço
unitivo, com o Senhor, na pobreza e no aniquilamento, descoberto nele graças à
contemplação. E o sinal visível desta transformação em Cristo é o amor sem
limites. Clara o dirá com uma terminologia enamorada, tomada do Cântico dos Cânticos:
“Suspirando com tamanho desejo do coração e tanto amor, proclame: Arrasta-me
atrás de ti! Corramos no odor de teus bálsamos, ó esposo celeste! Vou correr
sem desfalecer, até me introduzires na tua adega, até que a tua esquerda esteja
sob a minha cabeça, tua direita me abrace toda feliz, e me dês o beijo mais
feliz da tua boca” (4CtIn 29-32).
Frei José
Rodriguez Carballo, OFM
Solenidade de
Santa Clara de 2006
Questões:
Será que nossa oração tem tido esse dimensão
de intimidade contemplativa?
Como podemos, inspirados em Clara, chegar a
rever nossas formas e modos de oração?
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