Juventude Franciscana na Sociedade: Missão e Serviço


“Reafirmamos ser presença desafiadora na sociedade, inserindo-nos no meio popular e assumindo-o, através da relação entre fé e vida, celebração e compromisso, humanidade e tecnologia. Queremos debater, articular e desenvolver trabalhos onde se faça ecoar nossa voz para denunciar todas as formas de opressão e injustiça, e participar das lutas para a construção de uma nova sociedade” (Carta de Guaratinguetá- A JUFRA que queremos ser).

A JUFRA assume sua missão na sociedade acreditando que os jovens devem ser testemunhas autênticas da Identidade Franciscana, se comprometendo a vivenciar a fé nas atitudes cotidianas e concretas de humildade e caridade, à luz da evangélica opção pelos pobres e oprimidos (Carta de Guaratinguetá). Assim, estamos a serviço na construção de uma nova sociedade capaz de fazer as pessoas amarem mais e, acima de tudo, terem mais compaixão, serem solidárias e assumirem uma atitude profética diante de tantas injustiças.

Assim como os primeiros discípulos de Jesus, nós jovens franciscanos queremos ir com amor preferencial ao encontro dos que mais sofrem com injustiças, com a pobreza, com a falta de horizontes. Para isso devemos estar atentos para a realidade atual da sociedade brasileira, afim de não nos tornarmos alienados e sim partícipes de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Não queremos mais uma mentalidade colonizadora que nos manda supervalorizar o que vem de fora ou o que vem da elite. Queremos que todos sejam protagonistas e construtores de um “mundo melhor” que é feito por pessoas que possuem uma consciência planetária, que buscam e lutam por justiça social e ambiental.

É difícil elencar todos os dilemas e desafios postos para a sociedade brasileira tendo em vista que ela é muito complexa. Em cada ponto deste enorme Brasil temos necessidades distintas. Por isso trabalhamos para que todos os jovens, em qualquer local do Brasil, nutram o desejo de uma consciência crítica, criativa e reflexiva. E que todos saibam que mesmo cada região tendo sua singularidade de problema, as mazelas que acontecem num determinado local é problema de todos, pois afetará a todos.

Nesse sentido, temos nos empenhado em diversas causas que nos tornam comprometidos com a construção de uma nova sociedade. Temos feito isso, através de mobilizações, como a Jornada Nacional pelos Direitos Humanos, a Campanha pela Reforma Política Democrática, a luz do que diz o Papa Francisco “Devemos envolver-nos na política, pois a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum”. Participando de Grupos que discutem diversos assuntos como Mineração, Mobilidade Humana e Justiça Ambiental. Adotando iniciativas em diversas regiões como atuar na luta pelo Rio Francisco no Nordeste, o apoio a comunidades quilombolas no Norte, o acompanhamento às ocupações urbanas no Sudeste. E principalmente, formando nossos jovens para que tenham consciência crítica dos desafios e da nossa contribuição primária como jovens franciscanos na sociedade, através de Escolas de Formação, Seminário e Cursos.

Como podemos perceber ao analisarmos a atuação da Jufra por esse Brasil afora, a nossa experiência concreta de franciscanismo tem sentido quando ela vai além dos encontros da fraternidade e invade a sociedade, fazendo a diferença nela! Ser franciscano no meio de franciscano é fácil… Ser católico no meio de católico é fácil… Difícil é ser cristão numa sociedade onde o “ter” vale muito mais do que o “ser” e seguir o Evangelho é nadar contra a maré todos os dias, na família, na escola, na faculdade, no trabalho e na comunidade em geral.

Estamos fazendo parte de uma Igreja em saída, que se inquieta com as injustiças e se compromete nas lutas, sem perder a essência de nutrir uma Espiritualidade Cristã e Franciscana que encontra em cada irmão e irmã sua forma de oração, de vida e missão. Uma Igreja que prefere estar acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. (…) Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção,… Enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mc 6,37)”. (Papa Francisco, In: Evangelli Gaudium, 49). O convite de Cristo deixa claro que nossa Missão é Servir. [1]

Um dos papéis da JUFRA


Quando se propõe uma visão da natureza unicamente como objeto de lucro e interesse, isso comporta graves consequências também para a sociedade.” Papa Francisco , Laudato Si’ (82)
Na tarde do dia cinco de novembro de 2015, ocorreu o rompimento de um dos diques da barragem de rejeitos de mineração de Fundão, localizada em Mariana/MG. A Juventude Franciscana como compromisso de seu papel cristão não ficou de braços cruzados perante a situação. Além de assinar uma nota de repúdio, juntamente com  centenas de organizações da sociedade civil e movimentos sociais, sobre o rompimento, também realizou a campanha ‪#‎VivaLaudatoSi na semana do meio ambiente de 2016 para chamar atenção para o cuidado da casa comum e não deixar cair no esquecimento o maior desastre ambiental da história de nosso país. Recentemente teve representação na “Reunião Ampliada do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração" onde foram debatidos a movimentação internacional da mineração do ponto de vista econômico no cenário pós boom; as implicações do momento político brasileiro à pauta da mineração; as questões relacionadas ao direito, saúde e segurança do trabalhador da mineração, onde também foram apontados os vários problemas que atingem a classe trabalhadora incluindo  uma familiarização com a triste situação das mulheres que trabalham nesse setor e a questão do rompimento da barragem de Fundão em Mariana-MG em novembro de 2015 que provocou o maior desastre ambiental da história brasileira e que continua trazendo problemas que ultrapassam o ponto  de vista ecológico.
Até o momento pouco foi feito e a população local, bem como a de cidades e Estados vizinhos ao local do acidente, continuam sofrendo com a poluição da água, morte e contaminação de pescados, problemas de saúde relacionados ao contato com a lama seja na época do ocorrido ou agora quando a poeira se espalha pelo ar e promove o aumento de doenças respiratórias, injustiças na área trabalhista, desemprego além do imenso mar de lama que continua a avançar no oceano”.
Além do mais, a Secretaria Regional de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação abraçou a campanha “Mar de Lama Nunca Mais” lançada pela Associação Mineira do Ministério Público (AMMP) que objetiva um projeto de lei de iniciativa popular “para estabelecer normas de segurança para as barragens destinadas à disposição final ou temporária de rejeitos de mineração no Estado”. Realizando a coleta de assinaturas pôs na rua a campanha, nascida “da angústia e indignação” dos promotores de Justiça e toda a população para apurar as causas do rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, município de Mariana, em 5 de novembro passado.
Todos estas ações são só as que tivemos acessos pela divulgação na internet, mas sabemos que o carisma franciscano estava e está presente em cada um atuante em ações ou em orações por todo esse povo que sofre com esse e outras impactos em nossa casa comum.


[1] Mayara Ingrid Sousa Lima, Secretária Nacional da JUFRA do Brasil, 16 de novembro de 2015.
Disponível em http://www.franciscanos-rs.org.br/juventude-franciscana-na-sociedade-missao-e-servico/

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