Francisco de Assis e a nobre atitude de não decidir sozinho


Relata a Legenda dos Três Companheiros: “No tempo em que houve a guerra entre Perúgia e Assis, Francisco foi capturado com muitos concidadãos seus e encarcerado em Perúgia, mas, porque era nobre de costumes, foi colocado como prisioneiro com os cavaleiros. Num dia em que seus companheiros de prisão estavam tristes, ele, que naturalmente era sorridente e jovial, não parecia entristecer-se, mas de certo modo parecia alegrar-se.” ( LTC 4,1-2 )

Ser nobre de costumes é ter sentimentos e atitudes nobres. Poderia ter ficado quieto sofrendo no seu canto sem se importar com ninguém, mas preferiu estar alegre e sereno em meio às tensões de uma prisão. Estar com um grupo humano não significa apenas amontoar-se entre os sofridos da hora; mas fazer valer a nobreza de costumes ao levantar a moral dos que estão ali com ele em situação adversa. Quando convive com a desfiguração e a decadência do ser humano, Francisco reconstrói. No leproso, no cárcere, e entre os banidos do bem-estar, Francisco faz um encontro direto com a pessoa. Valorizar a pessoa que ali está faz com que ela volte a acreditar que existe solidariedade e fraternidade. A sua alegria vem desta presença. É como se ele dissesse com aquele leve sorriso dos realizados: 

“Olha, meu irmão, olha minha irmã, mesmo que não possa ajudar, eu estou junto com você, caminho com você, estou ao seu lado”.

Das horas orantes e contemplativas do eremitério organizado e regrado em materna fraternidade; ao levar consigo um irmão  para as fronteiras da batalha em Damieta, no Egito, por ocasião de mais uma Cruzada, e dialogar com o Sultão; no momento de ir a Roma, com mais nove irmãos, falar com o Papa Inocêncio III; ao  consultar a clara Irmã Clara e Frei Silvestre em sérias decisões para a sua vida, Francisco não sabe ser e fazer sozinho. Há carismas pessoais que preferem fazer sozinhos. Há o Carisma de Francisco de Assis que está sempre em meio a todos, com a força fraterna que garante a nobreza do discernimento, a nobreza de costumes, a nobreza de atitudes que passa pela vontade de muitos.

FREI VITÓRIO MAZZUCO
Publicado em 25 de agosto de 2016
http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

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