Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todos os animais selvagens e todos os animais que se movem pelo chão”. (Gênesis 1, 26)
Objetivo
Refletir a partir da Palavra de Deus e da Encíclica “Laudato Si’: sobre o cuidado da Casa Comum”, do Papa Francisco, presentes também na Te Social da Igreja, o significado e o papel do ser humano na Obra da Criação, procurando a harmonia entre o fato de eu ter sido Criado por Deus e de o mundo ao meu redor também ter sido criado por Ele e recordando, através da Imagem de Aparecida, que o Pai jamais separa o Cuidado do Ser Humano do Cuidado da Natureza (Evangelii Gaudium, n. 215).
Oração Inicial
Cantado ou Rezado: Cântico da Criaturas
(Pe. Fábio de Melo – CD Eu e o Tempo – LGK/Som Livre)
Cântico das Criaturas
(São Francisco de Assis)
“Altíssimo, onipotente, bom Senhor / Teus são o louvor, a glória, a honra e toda a benção. / Só a ti,
Altíssimo, são devidos; / E homem algum é digno / De te mencionar / Louvado sejas, meu Senhor
/ Com todas as tuas criaturas, / Especialmente o senhor irmão Sol, / Que clareia o dia / E com sua luz nos alumia. / E ele é belo e radiante / Com grande esplendor: / De ti, Altíssimo, é a imagem. / Louvado sejas, meu Senhor, / Pela irmã Lua e as Estrelas, / Que no céu formaste as claras / E preciosas e belas. / Louvado sejas, meu Senhor, / Pelo irmão Vento, / Pelo ar, ou nublado / Ou sereno, e todo o tempo, / Pelo qual às tuas criaturas dás sustento. /Louvado sejas, meu Senhor / Pela irmã Água, / Que é muito útil e humilde / E preciosa e casta. / Louvado sejas, meu Senhor, / Pelo irmão Fogo / Pelo qual iluminas a noite, / E ele é belo e jucundo / E vigoroso e forte. / Louvado sejas, meu Senhor, / Por nossa irmã a mãe Terra, / Que nos sustenta e governa / E produz frutos diversos / E coloridas flores e ervas. / Louvado sejas, meu Senhor, / Pelos que perdoam por teu amor, E suportam enfermidades e tribulações. /Bem-aventurados os que as sustentam em paz, / Que por Ti, Altíssimo, serão coroados. / Louvado sejas, meu Senhor, / Por nossa irmã a Morte corporal, / Da qual homem algum pode escapar. / Ai dos que morrerem em pecado mortal! / Felizes os que ela achar / Conformes à tua Santíssima vontade, / Porque a morte segunda não lhes fará mal! / Louvai e bendizei ao meu Senhor, / E dai-lhe graças, / E servi-o com grande humildade. ”
Introdução
O ser humano na obra da Criação
No ápice da Sua criação, como “muito bom” (Gênesis 1,31), o Criador coloca o homem. Só o homem e a mulher, entre todas as criaturas, foram queridos por Deus, “à sua imagem” (Gênesis 1,27): a eles o Senhor confia a responsabilidade sobre toda a criação, a tarefa de tutelar a harmonia e o desenvolvimento (cf. Gênesis 1,16-30).”
(Doutrina Social da Igreja, n. 451)
A afirmação fundamental da Bíblia é que Deus criou o mundo e o ser humano (Gênesis 1,1-31). A fé não diz nada sobre como isso aconteceu. O relato bíblico procura descrever em imagens o mistério da criação, e na atualidade esses relatos não contradizem os avanços da ciência nesse campo. A fé não substitui a ciência (Doutrina Social da Igreja, n. 457). Interpreta o que podemos conhecer a partir de outra perspectiva: “E Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom” (Gênesis 1,31). Qual a razão mais profunda de tudo isso?
“Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: que coisa é o ser humano, para dele te lembrares [?]” (Salmo 8,4-5).
A fé nos diz que Deus criou o mundo e o ser humano. Também muitos cientistas já compartilham dessa opinião. O cientista norte-americano Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, que mapeou o DNA humano, em 2001, reconhecido mundialmente por não deixar que sua profissão o faça negar sua fé, lançou em 2006 o livro “A Linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe”. Num determinado momento Collins se pergunta: “Como uma pessoa que acredita em Deus, me via em um daqueles momentos em que, de algum modo, eu era chamado a assumir um papel maior em um projeto com profundas consequências para a compreensão de nós mesmos? ” (COLLINS, 2006, p. 125). A nossa fé aponta para um Criador e isso mostra que a fé não é contra a razão, mas que condiz perfeitamente com ela. Ao fim do Projeto Genoma Collins responde sua inquietação: “a descoberta da sequência do Genoma Humano traz um significado adicional [...] pela qual Deus se expressou para criar a vida. ” (COLLINS, 2006, p. 129-130) Eu fui criado. Isto significa: eu não criei a mim mesmo. Sei naturalmente que fui gerado por meus pais; mas em tudo que posso perceber biologicamente valem as afirmações mais profundas: fui criado, formado, estruturado por Deus. Não sou produto do acaso. O profeta Isaías diz que Deus nos criou e nos formou para a sua glória (cf. Isaías 43,7). A todo tempo sou criado e amparado por Deus. Viver em sintonia com Deus e me comportar como criatura, coloca-me em sintonia com a natureza e seu real significado. A natureza é criação e sinto nela o Criador.
Muitos jovens amam a natureza e fazem nela experiências espirituais importantes, que são sempre experiências de Deus. Sou parte dessa criação e como ela sou convidado a ressuscitar todos os dias (Laudato Si’, n. 139). Fomos concebidos no coração de Deus. (Laudato Si’, n. 65).
A Palavra de Deus
Canto:
(entoar um canto apropriado para ouvir a Sagrada Escritura)
Texto: “O Cântico dos três jovens”
Livro de Daniel 3, 57-81
Reflexão:
Reler o texto individualmente e após cada participante pode falar em voz alta o versículo que mais lhe chamou atenção.
A Mãe e o cuidado com a Criatura e a Criação
A água, pela sua própria natureza, não pode ser tratada como uma mera mercadoria entre outras, e o seu uso deve ser racional e solidário. [...] Se, ao contrário, chegamos a descobrir a natureza na sua dimensão de criatura, é possível estabelecer com ela uma relação comunicativa [...] franqueando ao homem a abertura para Deus. (Doutrina Social da Igreja, n. 485; 487).
As Sagradas Escrituras nos revelam que no princípio “o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. (Gênesis 1,2). O evangelista Lucas nos relata que em Nazaré, uma jovem, chamada Maria, receberia o Salvador através da Graça de Deus: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. ” (Lucas 1,35). Em 1717, na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá (hoje Aparecida/SP) três pescadores (João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia) foram com barco até certo ponto do Rio Paraíba numa noite fria do Mês de outubro. Passou a noite e a rede nada trazia para dentro do barco (cf. Lucas 5,5). Já cansados do trabalho decidiram lançar as redes pela última vez ao amanhecer, momento do dia onde a pescaria é mais frutífera. Um certo peso na rede faz com que se encham de alegria, mas para decepção dos três nenhum peixe. No entanto, o peso era de uma imagem, enegrecida, sem a cabeça, que aparentemente era de Nossa Senhora da Conceição. Piedosos guardam o pedaço da imagem e descendo o Rio resolvem lançar a rede uma última vez e mais uma vez um peso na rede: um sinal de esperança. Uma outra surpresa: puxam a cabeça de uma santa que, colocada perto daquele corpo, se encaixava perfeitamente, formando a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Cheios de fé e vendo no fato um sinal da presença de Deus, os três pescadores elevam uma prece ao céu e jogam a rede novamente (cf. Lucas 5,6) nas águas escuras do Rio Paraíba e então a surpresa: a graça, o milagre. A rede volta cheia de peixes e os pescadores conhecem naquela figura da imagem, “aparecida das águas”, a presença de Deus e da proteção materna de Nossa Senhora. A partir daquele dia uma história de fé começou em solo brasileiro. Os três pescadores foram os primeiros peregrinos de Aparecida. Em 21 de maio1930, o Papa Pio XI proclama Nossa Senhora da Conceição Aparecida Padroeira do Brasil e sua festa é fixada para o dia 07 de setembro. Somente em 1953 a festa de Aparecida para a ser celebrada anualmente no dia 12 de outubro. Anualmente o Santuário de Aparecida recebe mais de 12 milhões de peregrinos. E a Juventude Brasileira caminha rumo aos 300 anos de Aparecida em 2017: "300 anos de Bênçãos: com a Mãe Aparecida, Juventude em Missão”.
A Mãe: Rainha de Toda a Criação
Em 1717, no século XVIII, o Brasil estava no auge da escravidão, do tráfico de pessoas. Nossa Senhora aparece, enegrecida, aos três pescadores. Talvez esse fosse também um sinal do cuidado que a Mãe tem pelos seus filhos. “Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo ferido. ” (Laudato Si’, n. 241). Ainda hoje, nosso mundo sofre com a escravidão, com o tráfico de humanos, mesmo nos países desenvolvidos, que consomem o que é produzido por empresas que patrocinam a escravidão moderna. A Mãe, “assim como chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminados pelo poder humano”. (Laudato Si’, n. 214).
Aquela que recebeu a Graça do Espírito Santo (Lucas 1,35), o mesmo Espírito presente sobre as águas no início da Criação (Gênesis 1,1), sofre também como “em dores de parto”, o gemido da Criação (Romanos 8,22). As florestas gemem, as águas gemem, as tribos indígenas gemem. “O aspecto de conquista e de exploração dos recursos tornou-se predominante e invasivo, e hoje chega a ameaçar a própria capacidade acolhedora do ambiente: o ambiente como ‘recurso’ corre o perigo de ameaçar o ambiente como ‘casa’. [...] A doutrina social convida a ter presente que os bens da terra foram criados por Deus para serem sabiamente usados por todos: tais bens devem ser divididos com equidade, segundo a justiça e a caridade [...] e como dom de Deus, a água é instrumento vital, imprescindível para a sobrevivência e, portanto, um direito de todos”. (Doutrina Social da Igreja, n. 461,481, 484).
Oração Final
“Oração Pela Nossa Terra”
(Laudato Si’, n. 246)
Deus Onipotente, que estais presente em todo o universo e na mais pequenina das vossas criaturas, vós que envolveis com a vossa ternura tudo o que existe, derramai em nós a força do vosso amor para cuidarmos da vida e da beleza. Inundai-nos de paz, para que vivamos como irmãos e irmãs sem prejudicar ninguém. Ó Deus dos pobres, ajudai-nos a resgatar os abandonados e esquecidos desta terra que valem tanto aos vossos olhos. Curai a nossa vida, para que protejamos o mundo e não o depredemos, para que semeemos beleza e não poluição nem destruição. Tocai os corações daqueles que buscam apenas benefícios à custa dos pobres e da terra. Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz.
Elementos Pedagógicos
1. Atividades
* Procure encontrar e mapear as “áreas verdes”, nascentes de águas, que se encontram em sua cidade/região. Há projetos de lei que protegem essas áreas? Os mananciais de água? Nessas áreas existem projetos de educação ambiental? De onde vem a água que você consome em sua casa?
* Faça um mural na sua Paróquia demarcando essas áreas. Publique nas redes sociais, blogs, etc.
* Muitas pessoas encontram na reciclagem de materiais uma alternativa de sobrevivência. Existem iniciativas de economia solidária, cooperativas em sua cidade/região? (Catadores de lixo, reciclagem, etc...). Procurem encontrá-las e fazerem uma visita. Quanto de lixo sua casa/bairro/cidade produz? Como é separado? Para onde vai esse lixo?
2. Filmes e Documentários
* BBC. Documentário Planet Ocean. Londres: 2013. Diretor: Yann Arthus-Bertrand & Michael Pitiot. Disponível em: http://migre.me/qGpup
O Documentário mostra a vida nos Oceanos e Mares do Planeta e as influências que eles têm sobre o clima mundial, além de nos fazer ver os microssistemas e toda a forma de vida que existe nestes ecossistemas.
* Centro Televisivo Vaticano. Laudato Si’, 2015. Disponível em: http://migre.me/qGpwf
Síntese da Encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’”. Mostra em imagens as diversas formas de convivência e as relações existentes entre o ser humano, sociedade e natureza.
* They Killed Sister Dorothy (Mataram Ir. Dorothy). Documentário dirigido por Daniel Junge. MOVIEMOBZ, 2008. Disponível em: http://migre.me/qGpxS
Em fevereiro de 2005, a irmã Dorothy Stang, de 73 anos, foi brutalmente assassinada. Ativista na defesa do meio ambiente e das comunidades carentes exploradas por madeireiros e donos de terra na Amazônia, a freira americana foi morta com seis tiros no interior do Pará. O documentário revela os bastidores do julgamento dos assassinos de Dorothy e investiga as razões de sua morte.
* Caminhos do Reassentamento. Curta-metragem, 2014. Disponível em: http://migre.me/qGpzq
Resgatou diversos personagens atingidos por barragens no rio Uruguai e no rio Iguaçu, que hoje vivem em reassentamentos no Paraná. Nos relatos, está presente uma extensa história de luta contra as barragens e, principalmente, de resistência para permanecer vivendo e trabalhando na terra através dos reassentamentos. Com o reassentamento dos atingidos, houve uma mudança completa na relação com a terra.
3. Sugestões de Aprofundamento
* Bíblia Sagrada. Tradução da CNBB. Brasília: Edições CNBB.
* COLLINS, F. A Linguagem de Deus: um cientista apresenta evidências de que Ele existe.
* PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: a Alegria do Evangelho – sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. Edições CNBB: Brasília, 2013. Disponível em: http://migre.me/qGpBj
* PAPA FRANCISCO: Encíclica “Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum. Brasília: Edições CNBB: 2015. Disponível em: http://migre.me/qGpCO
* PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. 7 ed. [Trad.: CNBB]. São Paulo: Paulinas, 2011. Disponível em: http://migre.me/qGpDZ
FONTE: SUBSIDIO DNJ 2016
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