Latrão: a Basílica de São Francisco de Assis


A liturgia no dia 09 de novembro nos surpreende com uma celebração curiosa. Em vez de fazer memória de um santo ou santa, comemora a consagração de uma igreja, a dedicação de um edifício destinado ao culto com o nome de basílica. É a Basílica de São João de Latrão. Inicialmente dedicada a Jesus Cristo com o título: o Santíssimo Salvador. No caso trata-se da sede do papa como bispo de Roma. Esta solenidade prevalece até sobre o domingo. A história dessa consagração nos leva ao século IV, ano 311-314. Com o fim das perseguições os cristãos respiraram aliviados, principalmente em Roma, a capital do império. Puderam construir igrejas e locais públicos de culto. A inauguração e bênção dessas igrejas era festiva. Era a consagração daquele edifício, como espaço sagrado de culto a Deus. E celebrava-se também a alegria da liberdade religiosa. Os cristãos tinham a sua “casa de oração” onde se reuniam conscientes de serem os membros vivos do Corpo de Cristo. Alegravam-se com a pertença à comunidade cristã visível.

Basílica de Latrão é considerada a igreja-mãe de todas as igrejas católicas, por ser a catedral do Papa, bispo de Roma. A igreja originária foi construída pelo imperador Constantino, durante o pontificado de papa Melquíades no séc. IV, no terreno doado por Fausta, esposa do Imperador. Nela foram realizados os quatro primeiros Concílios Ecumênicos realizados no Ocidente: em 1123 para resolver a questão das Investiduras, (o provimento em algum cargo eclesiástico por parte do poder civil): em 1139, sobre questões disciplinares; em 1179 para tratar da forma de eleição do Papa; em 1215, sobre várias heresias e a reforma eclesial.

Em 1209, no local onde hoje está a atual Basílica, Francisco e seus onze companheiros receberam a aprovação do papa Inocêncio III para iniciar sua forma de vita. Antes, conta-nos as legendas, o papa “tinha visto em sonhos que a basílica de Latrão prestes a ruir, mas sendo sustentada por um religioso, homem pequeno e desprezível, que a sustentava com seu ombro para não cair. E disse: ‘Na verdade este é o homem que, por sua obra e por sua doutrina, haverá de sustentar a Igreja’.

Foi por isso que aquele senhor acedeu tão facilmente ao seu pedido e, a partir daí, cheio de devoção de Deus, sempre teve especial predileção pelo servo de Cristo” (2Cel 17).

A atual construção data de 1735, e a assistência religiosa na Basílica está confiada aos frades Franciscanos.

Como temos cuidado de nossos templos?


Templo é ambiente sagrado, é morada do divino, é ponto de encontro de pessoas entre si e de pessoas com Deus. Templo é lugar, lugar onde vive gente, onde habita Deus. Nosso corpo é templo, nosso coração é templo, nosso planeta é templo. As leituras desta Festa da Dedicação da Basílica de São João do Latrão, a Festa da Unidade da Igreja Universal, nos levam a refletir:

• De que forma temos habitado nossos templos?
• Com que espírito temos administrado nossos templos?
• Agimos com espírito de vendilhão, que usa, usurpa, explora e quer tirar vantagem? Ou com o Espírito de Jesus, que cuida, zela, olha e se consome?

A primeira leitura, do livro de Ezequiel (Ez 47,1-2.8-9.12), se reveste de significado forte no contexto em que vivemos. Fala da água que brota do templo e que leva a vida por onde passa. Falta-nos água – conforme nos atesta a grave crise do Sistema Cantareira – falta-nos vida, falta-nos interesse pela vida. O espírito do mercado, do consumo desenfreado, do “cada um por si” seca as fontes que nos garantem a sobrevivência tanto material quanto existencial.

Precisamos mais do que nunca ser chacoalhados por Jesus, como foram os vendilhões do templo. E caso a conversão não venha por uma opção de fé ou por uma escolha ética, a própria natureza nos converterá, com métodos certamente bem mais duros e incisivos do que as chicotadas e os gritos do Senhor. Os alertas dos cientistas, as mudanças climáticas, a escassez de água, os surtos de doenças já são sinais claríssimos que nosso templo-planeta já chegou a seu limite. Ilimitados prosseguem nossos caprichos, nosso egoísmo, nossas ambições, sinais de uma humanidade em desumanização. Ainda é tempo de mudar… No entanto, mais um pouco e não mais será. Quem se habilita a dar o primeiro passo numa nova direção?


Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=72152 e http://www.a12.com/santuario-nacional/formacao/detalhes/homilia-32o-domingo-comum-a-dedicacao-da-basilica-de-latrao

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